Lily Sverner
CRONOLOGIA
Lily Sverner começou a se interessar por fotografia depois do nascimento dos quatro filhos, quando passou a fazer registros da família. Estudou em São Paulo e se dedicou a projetos pessoais, ampliando seu campo de ação para atuar em diversas frentes, como a de colecionadora. Além disso, era sócia, com André Boccato, da primeira editora brasileira especializada em livros da área. E ainda criou o Gabinete da Imagem, para comercializar e exibir fotografias de seus contemporâneos, como Alécio de Andrade, Stefania Brill, Araquém Alcântara e Sebastião Salgado.
1934: Lily Strozenberger nasce em 27 de dezembro, na Antuérpia, Bélgica, numa família judia e abastada, originária da Polônia, onde seus avós maternos, os Wolkowicz, eram comerciantes de aviamentos. Seus pais, Frida (1910-1979) e Leão Strozenberger (1904-1983), tiveram mais duas filhas: Fanny e Rozy.
1941: Com a guerra e o avanço nazista sobre a Europa, os pais de Lily decidem vir para o Brasil, num grupo com cerca de 20 membros da família. Os vistos foram obtidos graças aos esforços do diplomata brasileiro Luiz Martins de Souza Dantas (1876-1954). Eles chegam ao porto do Rio de Janeiro em 7 de maio, no navio Serpa Pinto, que partiu de Lisboa, e rumam para São Paulo, onde permanecem dois anos. Abrem um negócio de comércio de diamantes, atividade a qual já se dedicavam na Bélgica.
1943: Devido a um problema de saúde da mãe de Lily, que foi aconselhada a morar em local mais quente, a família se transfere para o Rio de Janeiro, para a rua Rodolfo Dantas, em Copacabana.
1946: Lily começa a estudar no Colégio Mello e Souza, que frequenta até 1951.
1954: Forma-se em Artes Decorativas no Instituto Nacional das Artes, e casa-se com o paulista Isaac Sverner, empresário e futuro fundador da CCE Indústria e Comércio de Componentes Eletrônicos S.A. O casal fixa residência em São Paulo, onde nascem seus quatro filhos: Susan, Beatriz, Eduardo e Roberto.
1955: Nascimento da primeira filha do casal Sverner, Susan, em 22 de setembro.
1957: Nascimento da segunda filha do casal Sverner, Beatriz, em 14 de abril.
1959: Nascimento do primeiro filho do casal Sverner, Eduardo, em 8 de agosto.
1960: Nascimento do segundo filho do casal Sverner, Roberto, em 20 de novembro.
1973: Fotografando a família, a quem sempre foi muito ligada, Lily apaixona por fotografia. Neste ano entra para a Escola Enfoco de Fotografia, criada por Cláudio Kubrusly em 1968, dando início a seus projetos autorais. Lá conhece os fotógrafos Cristiano Mascaro e Maureen Bisilliat, dentre outros.
1974: Adquire quatro fotografias de autoria de Ansel Adams, na Wilkin Gallery, em Nova York, dando início a sua coleção.
1976: Participa de uma exposição coletiva na Galeria Fuji, em Santo André, em 1976.
1977: Visita o estúdio do fotógrafo Ansel Adams (1902-1984), no Yosemite National Park, na Califórnia. Passam uma tarde conversando, e Lily adquire uma pequena fotografia.
1978: Participa da divulgação do I Encontro Fotográfico em Campos do Jordão, concebido e coordenado por Stefânia Bril (1922-1992), iniciativa pioneira no Brasil, baseado no Rencontres de la Photographie, em Arles, na França, festival fundado em 1970 pelo fotógrafo Lucien Clergue (1934-2014), o escritor Michel Tournier (1924-2016) e o historiador Jean-Maurice Rouquette (1930-2019).
1979: Publicação de fotos de sua autoria na revista Fotoptica. Em 7 de dezembro de 1979, inauguração, na Galeria Grife, em São Paulo, de uma exposição individual de fotografias, Estranha solidão aderindo a coisas e gente. A Grife pertencia à irmã caçula de Lily, Rozy Strozenberg.
1980: Publica o ensaio Londres na revista IrisFoto. Participa da exposição coletiva O homem brasileiro e suas raízes culturais, no Masp.
1981: Participa do I Encontro de Fotografia e Memória Nacional, promovido pela Secretaria de Cultura e pelo Museu da Imagem e do Som de São Paulo, e da exposição coletiva Sus-Pensamentos, na Associação Cristã de Moços, em Sorocaba e em Itu (SP).
1982: É uma das colecionadoras cujas fotografias são exibidas em uma exposição coletiva, na Galeria Fotoptica. Os outros são Diana Mindlin, Luiz Villares e Thomas Farkas (1924–2011).
1983: Une-se ao engenheiro civil Isaac Epstein (1926-2018), com quem viveu até sua morte. Epstein é uma referência na área de Comunicação Científica.
1985: Faz um estágio no International Center of Photography, em Nova York. Um ano depois participa de uma exposição coletiva na cidade, a Summmersite France, na New York University.
1987: Cria com André Boccato a Sver e Boccato Editores, primeira editora brasileira dedicada exclusivamente à edição de livros de fotografias, fechada em 1991. Editaram a coleção As Melhores Fotos com publicações sobre Bob Wolfenson, Cristiano Mascaro, David Drew Zingg (1923-2000), J. R. Duran, Nair Benedicto e Sebastião Salgado, entre outros. Publicaram também, dentre outros, Aré (1987), de Marcos Santilli; Cores do Brasil (1989), de Juca Martins; e O povo sabe o que diz (1990), de Thiago de Mello.
1988: Inicia o projeto Nomes. Até 1991, Lily produz 472 retratos em preto e branco para o ensaio em torno do tema do isolamento social e da reclusão na velhice, tendo fotografado idosos na casa de repouso São Vicente de Paulo, em Itatiba; e na Casa Ondina Lobo, em São Paulo.
1989: Lançamento, em 25 de janeiro, na Galeria Fotoptica, em São Paulo, do livro São Paulo - Fragmentos de uma paisagem urbana (1989), com fotos de Lily e de André Boccato (1954), produzidas em junho e julho do ano anterior, com textos de Ignácio de Loyola Brandão. Uma exposição homônima, inaugurada no mesmo dia, ocupa a galeria até 8 de fevereiro.
Participa do módulo 2 da exposição coletiva Mulheres fotógrafas, na Galeria da Funarte no Rio de Janeiro de 17 de novembro a 11 de dezembro, com curadoria de Ângela Magalhães, Nadja Peregrino e Rosely Nakagawa. Além dela, integram a mostra Claudia Jaguaribe, Glória Jaffet e Rita Toledo Pisa, entre outras.
1990: Em janeiro, participa da exposição coletiva Imagens para São Paulo, na Galeria Duncan. E, na qualidade de colecionadora, empresta, ao lado de outros colecionadores, obras para uma exposição na Collectors, a primeira galeria brasileira especializada na venda de fotografias, de seu antigo sócio Boccato.
1991: Entre os dias 7 de maio e 2 de junho, na Fototeca de Cuba, em Havana, exibe, na exposição Nombres, alguns dos trabalhos do ensaio Nomes. Realiza a série Padarias.
1992: Exposição individual no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ), em janeiro, com alguns dos trabalhos do ensaio Nomes. No mês seguinte, a mesma mostra inaugura no Museu de Arte de São Paulo. O catálogo era assinado pelo fotógrafo norte-americano Walter Rosenblum (1919-2006), então professor emérito do Brooklyn College de Nova York.
No Festival de Junho de Zurique, na Suíça, realizado nos museus Kunsthaus e Helmshaus, exposição de fotografias de diversos fotógrafos brasileiros, dentre eles Lily, Walter Firmo e Rogério Reis, de 22 de maio a 18 de outubro de 1992.
Produz a série Chapéus, em que transformou uma fábrica de chapéus em um cenário de filme noir.
1993: Participa da coletiva Fotografia Brasileira Contemporânea, no Sesc Pompeia, em São Paulo.
1995: Participa da coletiva O retrato, na Faap, em São Paulo, de 16 de maio a 18 de junho.
1996: Lançamento do livro Virtudes da realidade (1995), com prefácio da americana Naomi Rosenblum (1925-2021), autora dos livros Uma história mundial da fotografia (1984/1989) e Uma história das mulheres fotógrafas (1994). Uma exposição homônima foi realizada no Museu de Arte de São Paulo e na Livraria Bookmakers, no Rio de Janeiro.
1997: Cria o Gabinete da Imagem para a comercialização e exibição de fotografias. Participa de exposição coletiva da Coleção Pirelli/Masp de Fotografia.
1998: Em 8 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Museu da Imagem e do Som, em são Paulo, inaugura a exposição individual Mulheres e feitiços, com 13 fotografias de autoria de Lily, em preto e branco. A mostra fica em cartaz até 29 de março.
1999: Participa da grande mostra de arte brasileira no Kunsthaus de Zurique, na Alemanha.
2000: O Centro Mandala, que Lily funda em Itatiba, no interior de São Paulo, passa a funcionar mais estruturadamente como um centro de estudos, de bem-estar e de meditação.
2001: Participa da exposição coletiva Fotógrafos brasileiros, em Itatiba.
2005: As fotos do ensaio Nomes são doadas ao Instituto Moreira Salles. São 473 imagens que formam um relevante conjunto documental dentro da obra da fotógrafa, que captou a marca da solidão nos semblantes de seus personagens.
2009: Lança o livro Recortes do olhar, com prefácio de Ricardo Ohtake.
2010: Abertura, em 28 de outubro, da exposição individual Uma cidade para viver, com fotos de Lily sobre Itatiba, que completava 153 anos. Foi realizada pela prefeitura da cidade, por meio da Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo.
2011: Participa da exposição coletiva Nafoto 20 anos, de 7 de maio a 3 de julho, na Caixa Cultural Sé, em São Paulo. O Núcleo dos Amigos da Fotografia é um coletivo de fotografia que se reuniu pioneiramente em 1991 para criar no Brasil um evento internacional de fotografia, valorizar e inserir a produção nacional na cena do circuito cultural mundial. Em maio de 1993, o coletivo realizou o 1o Mês Internacional de Fotografia em São Paulo.
Entre 30 de abril e 22 de maio, realização da exposição individual Uma cidade para viver na Galleria Limiti Inchiusi di Campobobasso, na Itália.
2016: Inauguração, em 6 de agosto, de sua última exposição individual, Para ver sem pressa, na Galeria Fass, em São Paulo, com curadoria de Rubens Fernandes Jr e coordenação de Pablo di Giulio e Marcella
Brandimarti. O catálogo trazia um posfácio escrito por seu marido, Isaac Epstein. A mostra fica em cartaz até 17 de setembro.
Morre em 29 de outubro, de obstrução intestinal aguda, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
2019: Em fevereiro, o acervo de Lily Sverner com cerca de 300 fotografias em papel, 8.000 negativos e diapositivos, 4.000 cópias contato e imagens digitais em HD passou à guarda do Instituto Moreira Salles em regime de comodato.
Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o IMS Paulista inaugura uma instalação imagens de oito fotógrafas de seu acervo, dentre elas Lily. As outras foram Alice Brill (1920-2013), Dulce Soares (1943), Hildegard Rosenthal (1913-1990), Madalena Schwartz (1923-1993), Maureen Bisilliat (1931), Stefania Bril (1922-1992) e Claudia Andujar (1931).