Luiz Braga, um olhar singular sobre a Amazônia
19 de agosto de 2025 | Equipe IMS
Em cartaz até 7 de setembro no IMS Paulista, a exposição Luiz Braga – Arquipélago imaginário reúne 258 fotografias do paraense nascido em Belém, cidade de onde registra uma Amazônia distante do lugar-comum com que a região é retratada de forma recorrente. Em suas palavras: "Tento construir um olhar que fuja dos estereótipos que tanto distorcem a percepção do mundo sobre a Amazônia". A mostra reúne 50 anos de uma vasta produção e apresenta também dois vídeos com depoimentos de Braga, que o IMS disponibiliza agora ao público em geral.
No primeiro, Início e processos, ele conta dos primeiros passos na fotografia, aos 11 anos, quando ganhou uma câmera de um amigo do pai. Relata a magia ao ver reveladas as fotografias no laboratório que montou no porão da casa da família e lembra como a familiaridade com os internos do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em que seu pai era diretor, foi importante para a sua formação humanista e seu olhar para o outro. Fala ainda da descoberta da cor, depois de anos trabalhando em preto e branco, e que deu origem a um extenso conjunto de imagens que chama de "visualidade popular amazônica"
No segundo, Território amazônico, Luiz Braga explica a sua opção por se afastar "da paisagem idílica, edulcorada" da Amazônia. "Não cheguei na Amazônia agora porque ela virou trending, uma marca de valor. Eu nasci, cresci e decidi ficar lá, mesmo quando tive que esperar três meses para um filme voltar revelado de Nova York", conta.
Morando ali, viu as pessoas que coexistiam com o lugar de forma harmônica, como as lavadeiras na beira do rio, os homens em seu ofício de pesca, as crianças brincando. Daí surge a série Nightvision – Mapa do Éden, em que Braga explora a funcionalidade de fotografia noturna da câmera, criando imagens oníricas, num tom prata-esverdeado. Foi a maneira que encontrou, tecnicamente, de mostrar a floresta sem reforçar o estereótipo da "mancha verde".
"A grande riqueza que a fotografia trouxe para mim foi autoconhecimento, conhecimento do mundo e o conhecimento do outro", conclui.
