Por dentro do Acervo
Dalton Trevisan, um ruminante do estilo
Dalton Trevisan (à esquerda na foto) é, de longe, o interlocutor mais copioso do acervo de Otto Lara Resende. A correspondência dos amigos sob a guarda do IMS tem mais de 600 cartas. Elas revelam sonhos, ambições e, sobretudo, as angústias de dois escritores atormentados pela insatisfação, pela busca da palavra exata, da expressão enxuta, da construção perfeita e da fidelidade a um estilo. (Elvia Bezerra)
‘Amar é uma aventura heroica e insuperável’
A imagem de Rachel de Queiroz foi pouco associada ao romantismo e ao lirismo. Mas a partir dos anos 1940 a temática do amor passou a aparecer em algumas das crônicas que publicou por três décadas ininterruptas na revista semanal O Cruzeiro. Pode-se arriscar um motivo: recém-separada do primeiro marido, conheceu o médico Oyama de Macedo, com quem viveria uma relação plena. (Elvia Bezerra)
Caderno das paixões: Roberto Piva
Autor do delirante e surpreendente Paranoia, Roberto Piva era um poeta com paixão desmedida pela vida, refletida em sua obra e no modo como buscava prazeres e sensações. As anotações de um de seus cadernos sob a guarda do IMS comprovam a busca pelo êxtase – nas letras, na natureza, nas drogas. (Elvia Bezerra)
Constelação Clarice (IMS Paulista)
No marco do centenário de Clarice Lispector, o IMS Paulista inaugurou uma exposição em que a obra da escritora é o ponto de partida para a exibição de um vasto conjunto de trabalhos de artistas visuais mulheres, contemporâneas da autora. A exposição tem ainda pinturas realizadas pela própria Clarice. Entrada gratuita, mediante apresentação de certificado de vacinação e documento oficial com foto.
Caderno da Escandinávia: Otto Lara Resende
Como jornalista, Otto Lara Resende era convidado com frequência a visitar outros países. A viagem à Escandinávia feita em 1965 ocupa 80 páginas de um caderno. Nele, observa a “dignidade” das vacas dinamarquesas, a perfeição sueca e o egoísmo dos países desenvolvidos. A certa altura, desabafa: “Ai, Deus meu Deus, dai-me forças para eu ir até o fim destes intermináveis países escandinavos”. (Elvia Bezerra)
Erico transcendental
Erico Verissimo não gostava tanto assim de Olhai os lírios do campo, romance que lançou em 1938 e fez um sucesso estrondoso entre leitores e críticos, ganhando adaptação cinematográfica já nos anos 1940. “Sua popularidade às vezes chega a me deixar constrangido”, afirmou certa vez, como revela Gustavo Zeitel.