Por dentro dos Acervos
Caderno das paixões: Roberto Piva
Autor do delirante e surpreendente Paranoia, Roberto Piva era um poeta com paixão desmedida pela vida, refletida em sua obra e no modo como buscava prazeres e sensações. As anotações de um de seus cadernos sob a guarda do IMS comprovam a busca pelo êxtase – nas letras, na natureza, nas drogas. (Elvia Bezerra)
Constelação Clarice (IMS Paulista)
No marco do centenário de Clarice Lispector, o IMS Paulista inaugurou uma exposição em que a obra da escritora é o ponto de partida para a exibição de um vasto conjunto de trabalhos de artistas visuais mulheres, contemporâneas da autora. A exposição tem ainda pinturas realizadas pela própria Clarice. Entrada gratuita, mediante apresentação de certificado de vacinação e documento oficial com foto.
Caderno da Escandinávia: Otto Lara Resende
Como jornalista, Otto Lara Resende era convidado com frequência a visitar outros países. A viagem à Escandinávia feita em 1965 ocupa 80 páginas de um caderno. Nele, observa a “dignidade” das vacas dinamarquesas, a perfeição sueca e o egoísmo dos países desenvolvidos. A certa altura, desabafa: “Ai, Deus meu Deus, dai-me forças para eu ir até o fim destes intermináveis países escandinavos”. (Elvia Bezerra)
Erico transcendental
Erico Verissimo não gostava tanto assim de Olhai os lírios do campo, romance que lançou em 1938 e fez um sucesso estrondoso entre leitores e críticos, ganhando adaptação cinematográfica já nos anos 1940. “Sua popularidade às vezes chega a me deixar constrangido”, afirmou certa vez, como revela Gustavo Zeitel.
Caderno de erudito: Paulo Mendes Campos
Estudioso disciplinado, Paulo Mendes Campos era o tipo que se dedicava a aprender a língua de um país antes de empreender uma viagem. Foi assim com o russo, minuciosamente anotado num caderno que levou em visita à União Soviética (na foto, ele está à esquerda, com as mãos para trás, no museu Hermitage), Polônia e China em 1956. (Elvia Bezerra).
Caderno de Londres: Otto Lara Resende
Viajante que absorvia o entorno, mas não deixava de se manter conectado ao mundo interno, Otto Lara Resende anotou num caderno observações e acontecimentos de uma viagem a Londres, em 1982. Nele, comentou a Guerra das Malvinas/Falklands, mas fez também uma curiosa reflexão sobre a fé. (Elvia Bezerra)
Lygia, estranha e translúcida
Nos 98 anos de Lygia Fagundes Telles, Gustavo Zeitel analisa os contos de Antes do baile verde e destaca itens do acervo da autora sob a guarda do IMS, como um esboço nunca publicado para a capa do livro e as muitas fotos com a grande amiga Hilda Hilst, com quem jamais conversava sobre literatura.
Caderno de aluna: Ana Cristina Cesar
Um dos muitos cadernos de Ana Cristina Cesar sob a guarda do IMS tem o nome de “Proposta do Luiz”. Refere-se a Luiz Costa Lima, crítico literário e seu professor na PUC em 1977, onde ela concluía o curso de extensão de teoria literária. Nele, fica flagrante a sua capacidade de se entregar a devaneios e, ao mesmo tempo, reter o que absorvia nas aulas. (Elvia Bezerra)