Conversa
Com Raul Antelo, Carlos Sandroni, Leandro Pereira Gonçalves e Tadeu Chiarelli. Parte de 1922: Modernismos em debate
Quando
Evento online e gratuito
O novo encontro da série debate interseções entre cultura e política nas primeiras décadas do século XX. Nomes como Mário de Andrade, primeiro diretor (de 1936 a 1938) do então novíssimo Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, e Plínio Salgado, que se lançou intelectualmente na Semana de Arte Moderna para mais tarde abraçar de modo radical a causa nacionalista, ganham destaque. Também são abordados a figura de Gerson Brasil, jornalista e roteirista alinhado à esquerda, pioneiro na crônica de cinema na imprensa brasileira, e a proposta de monumento de Adolpho A. Pinto para o antigo largo do Paço, em São Paulo.
Essa conversa faz parte do ciclo de encontros 1922: modernismos em debate.
Transmissão ao vivo com tradução simultânea em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.
Mesa 17
18h às 18h30 - Doce de abóbora dá chumbo para canhão: Brasil Gerson
Com Raul Antelo (UFSC)
Jornalista no Jornal de Joinville na adolescência, Brasil Gerson mudou-se em 1920 para o Rio de Janeiro e, mais tarde, para São Paulo, onde trabalhou no Diário da Noite e em A Platéa, jornal esquerdista que dirigiu. Publicou novelas e, em 1931, colaborou no último número de O homem do povo, periódico de Oswald de Andrade e Pagu, criticando os intelectuais próximos do Partido Democrático, como Mário de Andrade, por guardarem “com carinho a primeira situação individual conquistada na velha e clássica luta pelo pão e a roupa, no amanhã do sempre”. Em 1935, aderiu à Aliança Nacional Libertadora (ANL), particularmente à Liga de Defesa da Cultura. Preso, exilou-se na Argentina e, posteriormente, no Uruguai. Seu forte vínculo com a cultura de massas aproximou-o do cinema, escrevendo roteiro para vários filmes. Foi pioneiro na crônica de cinema na imprensa brasileira, e morreu no Rio de Janeiro, em agosto de 1981.
18h30 às 19h - Modernistas no poder: Mário de Andrade, política e cultura
Com Carlos Sandroni (UFPE)
Mário de Andrade foi diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo entre 1936 e 1938. O departamento foi a primeira agência pública brasileira a introduzir a “cultura” como tema político. Junto com Mário de Andrade, faziam parte da direção outros modernistas, como Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes. As atividades do departamento incluíam, entre outras, pesquisas sociais, concertos de música clássica, parques infantis, concursos de decoração e estudos sobre folclore. A participação de modernistas “na repartição” durante o ministério de Gustavo Capanema ou a de arquitetos modernistas nas gestões de Juscelino Kubitschek são outras conhecidas instâncias de relação entre esses grupos de intelectuais e artistas e esferas do poder público. O caso do Departamento de Cultura de São Paulo na segunda metade dos anos 1930, porém, menos conhecido e debatido, pode ser pertinente para desenvolver reflexões sobre o projeto modernista, sobretudo como formulado por Mário de Andrade, e as políticas públicas para a cultura no país, associadas, sem dúvida, a tendências políticas brasileiras de caráter mais geral.
19h às 19h30 - Debate
Mediação: Marta Bogéa (USP)
Intervalo |19h30 - 19h45
Mesa 18
19h45 às 20h15 - Verde-amarelismo e Anta: radicalização política e o integralismo de Plínio Salgado
Com Leandro Pereira Gonçalves (UFJF)
Plínio Salgado ficou conhecido por ter liderado a Ação Integralista Brasileira (AIB), organização fascista que pode ser considerada o primeiro movimento de massa do Brasil. Com matrizes múltiplas, tinha como propósito a construção de uma doutrina política original. Ainda jovem, ele foi para São Paulo, onde se destacou intelectualmente, participando da Semana de Arte Moderna de 1922, quando apresentou o texto Arte brasileira. Ainda atuava de forma tímida, mas entrou na rota dos avanços culturais pelo caminho modernista, que foi o seu passaporte para a saída do anonimato. Como consequência das agitações intelectuais, divulgou em 1929 o Manifesto do verde-amarelismo, um discurso baseado no nacionalismo cultural e político, mas inserido no contexto de ascensão dos movimentos conservadores e radicais europeus. Para os intelectuais envolvidos nesse movimento, a estrutura republicana era incompatível com o ideário nacionalista. Plínio Salgado encontrou no grupo verde-amarelo uma concepção de nacionalismo, mas era necessário aprofundar o debate e, por isso, fundou o grupo Anta, a gênese da AIB, fundada em 1932, estabelecendo a passagem literária e cultural para a atuação política.
20h15 às 20h45 - Delírio bovarista em São Paulo: a proposta de Adolpho A. Pinto para o antigo largo do Paço
Com Tadeu Chiarelli (USP)
Como parte dos meus estudos sobre o Monumento às bandeiras e sua recepção junto à comunidade de São Paulo, venho desenvolvendo pequenos aprofundamentos sobre as ideias e propostas de criação de monumentos em São Paulo, antes do projeto de Brecheret, exibido em 1920. O “caso” da proposta de Adolpho Pinto encontra-se neste contexto.
20h45 às 21h15 - Debate
Mediação: Ana Gonçalves Magalhães (MAC USP)
Realização
Carlos Sandroni é professor de etnomusicologia no Departamento de Música da UFPE. Tem mestrado em ciência política (IUPERJ) e doutorado em musicologia (Universidade de Tours, França). Foi professor visitante nas universidades do Texas, em Austin, e de Indiana, em Bloomington. Foi presidente da Associação Brasileira de Etnomusicologia. Publicou os livros Mário contra Macunaíma: cultura e política em Mário de Andrade (1988) e Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro, 1917-1933 (2001).
Leandro Pereira Gonçalves é professor do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, é doutor em história pela PUC-SP e tem pós-doutorado pela Universidad Nacional de Córdoba (Centro de Estudios Avanzados). É autor do livro Plínio Salgado: um católico integralista entre Portugal e o Brasil (1895-1975) (2018) e coautor de O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo (2020).
Raul Antelo foi professor titular de literatura brasileira na UFSC. É autor de vários livros, como Potências da imagem (2004); Crítica acéfala (2008), Maria com Marcel: Duchamp nos trópicos (2010), A ruinologia (2015) e Visão e potência-de-não (2018). Editou A alma encantadora das ruas, de João do Rio (1997); A ronda das Américas, de Jorge Amado (2001); Antonio Candido y los estudios latino-americanos (2001), a correspondência de Mário de Andrade com Newton Freitas e a Obra Completa de Oliverio Girondo.
Tadeu Chiarelli é professor sênior do Departamento de Artes Plásticas da ECA/USP. Foi diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo (2015-2017), diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP (2010-2014) e curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1996-2000). É autor de livros sobre história da crítica de arte no Brasil e de textos sobre artistas modernos e contemporâneos brasileiros.
Quando
29 de novembro de 2021, segunda, às 18h
Evento online
Grátis, não é necessário se inscrever antecipadamente.
Transmissão ao vivo com tradução simultânea em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.
O ciclo de encontros 1922: modernismos em debate tem o objetivo de promover uma revisão crítica da Semana de Arte Moderna de 1922. A partir de uma perspectiva histórica ampla, incluirá a análise de manifestações modernistas ocorridas em outras regiões do Brasil, tais como Minas Gerais, Recife, Pará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Organizado pelo Instituto Moreira Salles, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e pela Pinacoteca, o evento reunirá, em dez encontros, pensadores de diversas áreas, formações, regiões e gerações.