Ciclo de atividades
Relacionado à exposição Antonio Candido em Poços de Caldas
Quando
Entrada gratuita
IMS Poços
Auditório
Rua Teresópolis, 90
Poços de Caldas/MG
No dia 14 de março (sábado), a partir das 14h, o IMS Poços apresenta um ciclo de atividades dedicado à vida e obra do intelectual Antonio Candido. O evento, que é gratuito, inclui também o lançamento do livro A formação de Antonio Candido, uma biografia ilustrada, de Ana Luisa Escorel. A atividade integra a programação da mostra Antonio Candido em Poços de Caldas, em cartaz no centro cultural até 22 de março.
O evento começa às 14h, com uma conversa na galeria com Laura Escorel, curadora da exposição, e Sérgio Roberto Montero Aguiar, professor de literatura brasileira.
Em seguida, às 15h15, haverá uma mesa sobre o memorialismo em Antonio Candido, com a presença de Ana Luisa Escorel, autora do livro lançado durante o evento, e o pesquisador Rodrigo Cerqueira. Escorel falará sobre a nova publicação, abordando a relação de Candido com Poços de Caldas. Já Cerqueira tratará de um ensaio escrito por Candido sobre a anarquista Dona Teresina, que viveu em Poços de Caldas.
Às 17h, a programação inclui uma mesa com Luis Jackson, professor do departamento de sociologia da USP, e o pesquisador Max Gimenes sobre a militância em Antonio Candido. Às 18h15, acontece o lançamento do livro A formação de Antonio Candido, uma biografia ilustrada, de Ana Luisa Escorel.
Ana Luísa Escorel é uma designer e escritora brasileira. Formada pela Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) do Rio de Janeiro. É autora do livro A formação de Antonio Candido, uma biografia ilustrada.
Laura Escorel é designer e editora. Especialista em Bens Culturais pela FGV e mestra em história da arte pela Unifesp, é curadora da exposição Antonio Candido em Poços de Caldas e coordena o projeto de organização do arquivo pessoal de Antonio Candido e Gilda de Mello e Souza no IEB-USP.
Luiz Carlos Jackson é professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, na qual obteve os títulos de mestre, doutor e livre-docente em sociologia. É autor do livro tradição esquecida: Os parceiros do Rio Bonito e a sociologia de Antonio Candido (Editora da UFMG, 2002).
Max Luiz Gimenes possui bacharelado e licenciatura em ciências sociais e mestrado em sociologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É doutorando em sociologia pela mesma instituição e atua nas áreas de história intelectual, sociologia da cultura e pensamento político brasileiro.
Rodrigo Cerqueira é bacharel em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia. Mestre pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, com dissertação sobre a inserção de elementos memorialísticos na crítica de Antonio Candido. Doutorou-se na mesma Universidade em 2013, com uma tese sobre a primeira fase da produção romanesca (1844-1855), de Joaquim Manuel de Macedo.
Sérgio Roberto Montero Aguiar é Graduado em Letras Espanhol pela Universidade de São Paulo (1986) e Mestrado em Letras (Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana) pela Universidade de São Paulo (1992). É mediador do projeto Panorâmicas Literomusicais, do Clube de Leitura e Salve o compositor popular do IMS Poços.
A formação de Antonio Candido, uma biografia ilustrada
De Ana Luisa Escorel
Em A formação de Antonio Candido, uma biografia ilustrada, embora num primeiro momento estivesse prevista apenas a edição de fotos com legendas, no correr do processo acabou se introduzindo um texto longo – que atravessa o livro do começo ao fim – na intenção de conferir mais detalhe aos dados biográficos.
Nesse sentido, as anotações deixadas pelo próprio Antonio Candido, referentes à fase da infância, foram de inestimável utilidade para a montagem do primeiro capítulo.
O resto do texto contou menos com esse recurso, embora tenha se buscado um tom que pudesse reforçar a impressão da presença de Antonio Candido entre nós, a partir de pequeno trechos desses registros, deixados nos inúmeros cadernos nos quais anotou, ano atrás de ano, as impressões da vida toda.
Como em 1929, no adeus melancólico à Santa Rita de Cássia, a cidadezinha da primeira infância:
E assim acabou o período da Casa de Cima que lá ficou com seu pé de laranja toranja no quintal pequeno. Então viraram passado os empregados – Anésia, Ana, Zé Grosso. Os rachadores de lenha seu Carioca e Cipriano. O José Gabriel que matava os porcos lancinantes. Os mendigos repulsivos ou amenos, os tipos populares – João Bonito e sua boca torta, Chico Fumo, dândi patético escrevendo nas carteiras de cigarro, Ilídio passando soturno pelo meio da rua, calado, impenetrável. E o cavalo Presente, que morava no pasto de meu padrinho e vinha para ser lavado e escovado debaixo da laranjeira. E os motoristas que levantavam nuvens de poeira fina, ou derrapavam na grossa lama; motoristas que nos levavam para passear nas fazendas: seu Osório, calado, bem composto; Vicente Silveira, de gravata de borboleta, parente de meu pai; Benedito, pobre como Jó, casado com a alemã Frida, com uma quantidade de filhos. E ainda havia os carreiros, enquanto o prefeito Luciano de Mello Batista não proibisse a entrada dos carros de boi na cidade, anos depois: o imenso Custódio com bigodes compridos e pés de um tamanho inverossímil; e o Paulo, com sua risada alegre. E o violeiro Eugênio Ferrador, com o bengalão em saca-rolha; e seu Chico Heliodoro, de olhos doces e barba grisalha, sempre descalço, que achava [meu irmão] Roberto parecido com nosso bisavô João Candido; e seu Carrinho Salgado, que gostava tanto de mim; e o padeiro Antonio Leão, inventor do “pão da noite”, macio e adocicado, que ele ia vendendo de porta em porta depois do jantar.
Ainda na etapa preliminar da edição de A formação de Antonio Candido, o teor do impresso – uma fotobiografia – foi sugerido por Laura Escorel, principal responsável pelo processo de transferência para o IEB – Instituto de Estudos Brasileiros da USP – dos acervos documentais e iconográficos de Gilda e Antonio Candido de Mello e Souza doados à instituição por Laura de Mello e Souza, Marina de Mello e Souza e por mim.
Esse processo, cujo início data de 2017 e, à frente do qual além de Laura Escorel esteve também Elisabete Marin Ribas – na ocasião Supervisora do Arquivo do IEB –, foi financiado pelo Itaú Cultural a partir de um planejamento que tornou possível o registro, a descrição e a higienização, os reparos e a catalogação em brevíssimo tempo, de 50 mil itens do acervo documental e 5 mil itens do acervo fotográfico que, dessa forma, deverão estar acessíveis ao público e à pesquisa ainda no correr de 2020.
Quando
14 de março de 2020, sábado, às 14h
Entrada gratuita. Evento sujeito à lotação do espaço.
Distribuição de senhas 30 minutos antes do evento. Limite de 2 senhas por pessoa.