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Contraste

Os cadernos de Marc Ferrez

Projeto de difusão digital

Conversa

Com Claudia Beatriz Heynemann, Sergio Burgi, Pedro Karp Vasquez, Maria do Carmo Rainho e Ileana Pradilla Ceron

Quando

9/8/2022, terça, às 18h

Evento gratuito

Mais informações abaixo

Online

Através do YouTube e do Facebook do IMS

Retrato de Marc Ferrez com sua câmera estereoscópica. Suíça, 1915. Foto de Júlio Ferrez. Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles

Para marcar a disponibilização dos três últimos cadernos de Marc Ferrez, o IMS promove uma conversa online transmitida ao vivo por seus canais de YouTube e Facebook. O evento contará com os pesquisadores Claudia Beatriz Heynemann, do Arquivo Nacional, Pedro Karp Vasquez, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e Sergio Burgi, do Instituto Moreira Salles, além das curadoras e editoras do projeto, Ileana Pradilla Ceron (IMS) e Maria do Carmo Rainho (AN).

Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


Como participar

Quando
9/8/2022, terça, às 18h

Evento online
Grátis, não é necessário se inscrever antecipadamente.
Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


Vídeo


Participantes

Claudia Beatriz Heynemann
Pesquisadora no Arquivo Nacional e doutora em História Social pela UFRJ. Curadora de exposições, entre outros títulos é organizadora dos livros Retratos Modernos, 2005 (com Maria do Carmo Rainho) e O Rio e a República: a cidade nas imagens da Agência Nacional, 2021 (com Maria Elizabeth Brea), além de editora do dossiê Um marco para a fotografia: 180 anos de Daguerre, revista Acervo, 2019 (com Marcos Lopes).

 

Pedro Karp Vasquez
Escritor e fotógrafo, autor de 30 livros. Trabalha como editor de literatura brasileira na Editora Rocco. Como administrador cultural, foi responsável pela criação do Instituto Nacional da Fotografia da Funarte e do Departamento de Fotografia, Vídeo & Novas Tecnologias do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi também diretor do Solar do Jambeiro, em Niterói.

 

Sergio Burgi
Coordenador e curador de Fotografia do Instituto Moreira Salles desde 1999. Mestre (MFA) em Conservação Fotográfica pela School of Photographic Arts and Sciences do Rochester Institute of Technology SPAS/RIT (Nova York, EUA). Foi coordenador do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Fundação Nacional de Arte, no Rio de Janeiro, entre 1984 e 1991.

 

Ileana Pradilla Ceron
Pesquisadora e historiadora de arte, é mestra em história social da cultura pela PUC-Rio. Foi diretora da Divisão de Artes Visuais no Instituto Municipal de Arte e Cultura (RioArte) e diretora da Plural Comunicação Memória & Cultura. É autora de Marc Ferrez: uma cronologia da vida e da obra (2019) e coautora da Coleção Palavra do Artista (2000). Organizou os livros Galeria de Artistas: Centro Empresarial Rio 1983-1990 (2020) e Kant: crítica e estética na modernidade (1999). No Instituto Moreira Salles desde 2016, é responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia.

 

Maria do Carmo Rainho
Historiadora, doutora em história pela UFF, é pesquisadora do Arquivo Nacional, atuando na difusão dos acervos institucionais. Curadora de exposições e do projeto online Cadernos de Marc Ferrez (com Ileana Pradilla). Autora dos livros A cidade e a moda (2002), Moda e revolução nos anos 1960 (2014) e Retratos modernos (com Claudia Heynemann, 2005), seus temas de pesquisa incluem história da fotografia, cultura visual, fotografia de moda e teoria e história da moda.


Sobre o projeto

Arquivo Nacional e Instituto Moreira Salles promovem a difusão online dos cadernos do fotógrafo Marc Ferrez

Marc Ferrez (1843-1923), foi um dos mais atuantes e profícuos fotógrafos brasileiros do século XIX e das primeiras décadas do século XX. Interessado pelo universo da fotografia em sentido amplo, buscava dominar as técnicas, as fórmulas e os equipamentos, envolvendo-se em todas as etapas do processo fotográfico, do registro à impressão. Atuou em trabalhos comissionados, fotografando a construção de ferrovias e obras públicas; integrou expedições científicas; foi fotógrafo da Marinha Imperial, retratista e cronista visual do Rio de Janeiro. Empresário nas áreas da fotografia e do cinema, proprietário do cinema Pathé, Ferrez era movido pela curiosidade e pela qualidade com que desenvolvia seu ofício e por um desejo de se destacar no mercado da fotografia, em expansão a partir das últimas décadas do século XIX.

Ferrez tinha também o hábito de tomar notas e manter cadernos de anotações, intensificado desde que o fotógrafo se mudou do Rio de Janeiro para Paris, em 1915. Em cada um desses cadernos há um universo de assuntos a serem percorridos e explorados. Sua vida cotidiana se desvela nas listas de compras, encomendas e tarefas; nos endereços e datas de aniversários de amigos e familiares; nas receitas culinárias; nas fórmulas de colônias e perfumes; nos registros de viagens e de despesas pessoais. Revelam, também, como ele transitava na esfera dos negócios: são inúmeros inventários de negativos e de fotografias que integraram seus principais trabalhos; as atividades, contratos firmados e filmes assistidos ou procurados por ele em Paris; os registros de fórmulas, os processos de revelações e viragens utilizados em seus trabalhos como fotógrafo em diferentes épocas.

Para promover o acesso a esse rico material, o Arquivo Nacional e o Instituto Moreira Salles firmaram uma parceria visando a digitalização e a difusão online de nove cadernos do fotógrafo sob a guarda das duas instituições, sendo oito deles manuscritos e um catálogo impresso, Máquinas e acessórios para fotografia. Desde outubro de 2021 os cadernos vêm sendo disponibilizados na íntegra, apresentando também a transcrição e a tradução de alguns trechos. Os cadernos são acompanhados de artigos a cargo de pesquisadores especializados em história da fotografia e na obra de Marc Ferrez, historiadores, antropólogos e especialistas em conservação, como Cláudia Heynemann, Ileana Pradilla Ceron, Julio Lucchesi Moraes, Maria do Carmo Rainho, Maria Elizabeth Brêa Monteiro, Maria Inez Turazzi, Millard Schisler, Pedro Vasquez e Sergio Burgi. Cada caderno recebeu uma curadoria de documentos textuais e conjuntos de fotografias a partir dos acervos das duas instituições, especialmente no fundo Família Ferrez, do Arquivo Nacional, e na coleção Gilberto Ferrez, do IMS.

Segundo Ceron, o período compreendido nos cadernos é o momento em que “um Ferrez maduro, tendo já construído uma bem-sucedida carreira fotográfica e comercial, e consciente da relevância de seu legado, sente a necessidade de inventariar sua obra e compilar conhecimentos sobre técnicas e processos fotográficos”. A partir de 1915, aos 72 anos, Ferrez passa a se dedicar em Paris aos seus novos negócios familiares no ramo da distribuição e exibição de filmes. É uma faceta menos conhecida de sua trajetória, mas com importante contribuição para o ramo do cinema. Movido pela curiosidade e com interesse constante pelas inovações tecnológicas, Ferrez experimenta, em seus últimos anos de vida e para consumo próprio, o trabalho com as fotografias coloridas, os autocromos.

Rainho, por sua vez, observa que os cadernos evidenciam o desejo de Ferrez de arquivar a própria vida. A manutenção dessas anotações, as fotografias organizadas nos álbuns de família, as correspondências pessoais e a ampla documentação da empresa Marc Ferrez e de sua atuação nos ramos da fotografia e do cinema revelam a percepção do fotógrafo e de seus filhos e netos sobre o lugar social que ocupavam, e como este lugar exigia a produção e a guarda de documentos de naturezas diversas. “Evidencia também uma intenção biográfica, a construção de uma narrativa cujas bases do roteiro nos são oferecidas tanto pela quantidade quanto pela variedade de documentos deixados à nossa disposição”.

Transitando entre público e privado, a documentação possibilita novas frentes e campos de pesquisa, como pontua Ceron: “Embora nos cadernos predominem enfoques profissionais, eles também descortinam muitos outros assuntos, como os referentes ao mundo dos afetos e às relações econômicas e de classe social. Esse entrelaçamento entre as múltiplas camadas de informação identificadas nos cadernos, como os aspectos técnicos, comerciais, sociais e familiares, por exemplo, poderá tanto agregar novas tonalidades à já conhecida figura de Marc Ferrez quanto sugerir novas trilhas para os estudos sobre a fotografia e o ofício do fotógrafo.”


Parceria com o Arquivo Nacional

Este projeto é resultado da parceria firmada em 2017 entre o Instituto Moreira Salles e o Arquivo Nacional para elaboração de pesquisas e divulgação de suas coleções conexas. Um dos principais exemplos dessa complementaridade entre acervos encontra-se na Coleção Gilberto Ferrez, no IMS, e no Fundo Família Ferrez, custodiado pelo Arquivo Nacional. Os dois conjuntos abrangem, temporalmente, quase um século e meio, e contêm documentação produzida por três gerações da família Ferrez, dedicada à criação e à difusão de imagens por meios mecânicos. Conservados, cuidadosamente, pelo pesquisador Gilberto Ferrez (1908-2000), neto de Marc, os acervos compõem um raríssimo patrimônio fotográfico e documental, essencial para a memória da fotografia e do cinema no Brasil.