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Aos milhares

Desafios da curadoria de grandes acervos fotográficos

Seminário

Organizado por Heloisa Espada, Iara Schiavinatto e Solange Ferraz de Lima

Quando

26 de outubro de 2020, segunda, a partir das 14h

Evento online e gratuito

Através da plataforma Zoom, com tradução simultânea para Libras. Mais informações abaixo.
Dançarino de Frevo, Recife, 1950. Reportagem "O frevo sensacional", O Cruzeiro, ano XXII, n.22, 18.3.1950. Foto de Peter Scheier / Acervo IMS

A exposição Arquivo Peter Scheier, no Instituto Moreira Salles, realizada a partir de um acervo de cerca de 35.000 negativos e documentos, trouxe à tona uma série de perguntas sobre os critérios de seleção, valoração e os modos de expor um material tão vasto e diverso. Peter Scheier (1908-1979) atuou na cidade de São Paulo ao longo de 35 anos em campos bastante variados como fotojornalismo, fotografia de arquitetura, eventos sociais, publicidade e indústria.

O seminário Aos milhares: desafios da curadoria de grandes arquivos fotográficos é resultado da parceria entre três instituições que possuem acervos fotográficos de grandes dimensões: o IMS, o Museu Paulista/USP e a Unicamp. O encontro reunirá pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, que atuam em arquivos fotográficos de naturezas diversas e compostos por milhares de itens. Os profissionais apresentarão estudos de caso que revelam as peculiaridades dos arquivos com que trabalham, bem como os objetivos e as estratégias curatoriais desenvolvidos dentro das instituições que os abrigam. O objetivo do seminário é propiciar trocas de informações sobre a apresentação de imagens de arquivos documentais em espaços museológicos.

 

Organização
Heloisa Espada (IMS), Iara Schiavinatto (IA/Unicamp), Solange Ferraz de Lima (MP/USP)

Parceria com

Evento com tradução simultânea para Libras.


Como participar

Quando
26 de outubro de 2020, segunda, a partir das 14h

Evento online
Grátis, não é necessário se inscrever antecipadamente.
Através da plataforma Zoom


Programação

Apresentação das organizadoras - 14h

Mesa 1 - 14h10 às 15h10

Curadoria digital e memória LGBTI+: os impactos da digitalização nos acervos dos movimentos sociais do Arquivo Edgard Leuenroth
Aldair Rodrigues (Arquivo Edgard Leuenroth, Unicamp, SP)

Esta comunicação aborda os desdobramentos dos processos de digitalização em instituições que guardam acervos produzidos por movimentos sociais, tomando como exemplo o Arquivo Edgard Leuenroth da Unicamp. A partir de 2013, com a criação do AEL digital, o arquivo passou por um intenso processo de digitalização, o que rende hoje aproximadamente 60 TB em arquivos de imagens. O processo de transformação da materialidade da informação histórica por meio da sua representação digital provoca importantes deslocamentos nas políticas de preservação e difusão. A apresentação enfatiza os desafios específicos enfrentados na digitalização e difusão de textos e imagens cujos produtores são ativistas LGBTI+, muitos deles ainda vivos. Por um lado, o direito à memória garantido por políticas de preservação e difusão é compreendido como elemento importante da promoção dos direitos humanos de populações historicamente marginalizadas. Por outro, quando é considerada a dimensão web, argumenta-se que a curadoria digital de acervos dessa natureza deve conciliar essa missão com o direito à privacidade e o direito ao esquecimento. Em um contexto de acirramento da polarização política e ideológica, como decidir o que será publicado on-line? Que impactos isso teria na vida dos ativistas?

Curadoria do Fundo Foto Bianchi: organização, conservação e tratamento documental de negativos de gelatina e prata sobre suporte de vidro
Patricia Camera (Fundo Foto Bianchi, PR)

O entendimento da fotografia como documento histórico traz desafios aos técnicos e pesquisadores que atuam na organização, na conservação e no tratamento de arquivos fotográficos. Cada acervo apresenta uma história anterior ao recebimento do conjunto documental pela instituição de salvaguarda. Da mesma forma, cada arquivo revela um contexto político sobre a sua aquisição e seu gerenciamento. O Fundo Foto Bianchi, localizado na Casa da Memória Paraná, em Ponta Grossa, destaca-se por trabalhar a curadoria com base nas relações solidárias entre a comunidade, a prefeitura e a universidade. O fundo, composto pelas matrizes (negativos) das cópias fotográficas que circulam em nossa sociedade, propõe desafios junto às ações de organização, conservação e tratamento documental. Em sua constituição, encontram-se alguns objetos, centenas de cadernos, milhares de caixas originais dos negativos e aproximadamente 45 mil placas secas, resultantes de serviços fotográficos desenvolvidos em Ponta Grossa e região, além de outros assuntos.
Assim, a proposta da comunicação é compartilhar parte da história e da produção do Foto Bianchi realizada por três gerações de fotógrafos que atuaram entre a primeira década do século XX e os anos 2000, com ênfase nas ações curatoriais sobre o acervo.

Acervo Alois Feichtenberger no Museu da Imagem e do Som de Goiás
Guilherme Talarico (MIS de Goiás)

O imigrante austríaco Alois Feichtenberger (1908-1986) aprendeu a fotografar em suas primeiras viagens pelo interior do Brasil, em meados da década de 1920. Estabeleceu-se definitivamente em Goiânia, em 1960, onde continuou fotografando até seus últimos dias. Seu acervo foi incorporado ao MIS-GO, por meio de patrocínio cultural do BNDES, em 2008. A coleção constitui uma importante fonte de imagens e documentos textuais sobre a expansão da estrada de ferro no Pantanal, as transformações urbanas em São Paulo, a construção de Goiânia e, posteriormente, as comemorações do IV Centenário da capital paulista, o complexo industrial da Cia. Matarazzo, a construção de Brasília, o crescimento urbano e as transformações da sociedade goianiense, entre outros assuntos. A apresentação abordará as ações de identificação, tratamento, musealização e acesso e difusão desse acervo pelo MIS-GO.

Sessão de perguntas - 15h10 às 15h40

Mediação: Heloisa Espada (IMS)

 

Intervalo - 15h40 às 16h

Mesa 2 - 16h às 17h

Uma curadoria em grande escala: desafios e delícias da gestão de acervos fotográficos
Aline Lopes de Lacerda (Fundação Oswaldo Cruz, RJ)

A apresentação abordará aspectos centrais da curadoria e da gestão de acervos fotográficos de valor histórico numa instituição pública. Essa atividade implica uma dupla mirada para fotos do passado (acervo histórico) e do presente (gestão de documentos), bem como o esforço pela visibilidade e acesso mais universal aos arquivos e a construção de estratégias que possibilitem um efetivo exercício interdisciplinar na lida diária com os arquivos fotográficos.

O fundo Última Hora do Arquivo Público do Estado de São Paulo: produção, acumulação e circulação de um arquivo de imprensa
Bruno Roma (Arquivo Público do Estado de São Paulo, SP)

O jornal Última Hora, publicado pela primeira vez em 12 de junho de 1951, possui uma trajetória marcante na história da imprensa brasileira, sobretudo no que diz respeito ao uso inovador da fotografia. Esta comunicação abordará o conjunto documental acumulado pelo Arquivo Técnico da sucursal carioca do jornal Última Hora. A organicidade e a diversidade do arquivo permitem uma investigação sobre a funcionalidade desse tipo de acumulação. O conjunto permite também a análise da prática fotojornalística sob a perspectiva do documento fotográfico. Em 1989 o Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp) adquiriu o Arquivo Técnico do jornal Última Hora, convertendo-o no atual Fundo Última Hora. Essa aquisição inaugurou o expediente de tratamento especializado em documentos fotográficos na instituição. Passados mais de 30 anos da sua chegada, também é possível discutir seus impactos e refletir sobre os esforços realizados para sua preservação.

A Coleção Militão Augusto de Azevedo e o processo de qualificação das equipes no Museu Paulista da USP
Solange Ferraz de Lima (Museu Paulista, USP, SP)

A coleção Militão Augusto de Azevedo guarda características muito próximas de um arquivo. Ela reúne documentos e mais de 12 mil fotografias e negativos, do período entre 1862 e 1905, que integram o cotidiano do fotógrafo. Foi a primeira grande coleção de fotografias a ser integrada aos acervos do Museu Paulista da USP, por meio de um projeto de curadoria patrocinado pela iniciativa privada. O tratamento dos itens da coleção, que durou cerca de dois anos, representou uma experiência fundamental para a qualificação das equipes em curadoria de acervos fotográficos massivos. Realizada em meados da década de 1990, essa curadoria fotográfica integra-se à política de salvaguarda do patrimônio fotográfico brasileiro, com protagonismo da Funarte e seu Centro de Conservação e Preservação Fotográfica. A presente comunicação apresenta os desafios práticos e conceituais enfrentados naquele momento, em uma reflexão retrospectiva que busca contribuir para o atual contexto de preservação de arquivos fotográficos massivos.

Sessão de perguntas - 17h às 17h30

Mediação: Iara Lis Schiavinatto (Instituto de Artes, Unicamp)


Sobre os participantes

Aldair Rodrigues
Mestre e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo, e pós-doutorado pela Unicamp e pela Yale University, onde foi pesquisador do Council on Latin American and Iberian Studies. Professor do Departamento de História da Unicamp, pesquisa diáspora africana no Brasil colonial. Vencedor do Prêmio Capes 2013 – História e do Grande Prêmio Capes de Tese Darcy Ribeiro – Grandes Áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Linguística, Letras e Artes e Multidisciplinar-Ensino e Interdisciplinar.

Aline Lopes de Lacerda
Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo. É pesquisadora do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e especialista no tratamento arquivístico de documentos fotográficos de valor permanente.

Bruno Roma
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo, atua nas áreas de fotografia, acervos e patrimônio. Possui bacharelado e licenciatura em História pela Universidade de São Paulo. Foi proponente e pesquisador do projeto Memória USP no Arquivo Público do Estado de São Paulo, contemplado pelo Programa de Editais PRCEU-USP de 2013. Desde 2015, é historiador da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

Guilherme Talarico
Doutor em História pela Universidade Federal de Goiás. Possui experiência nas áreas de patrimônio cultural, acervos museológicos, culturas populares e tradicionais, identidade, memória, fotografia e etno-história. Atuou como consultor em convênios com o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan (DF) e a Unesco (2011), e em diversos projetos do Museu da Imagem e do Som de Goiás, do Museu Pedro Ludovico e para a Secretaria de Estado da Cultura – GO. É professor da Universidade Estadual de Goiás.

Heloisa Espada
Doutora em História, Teoria e Crítica de Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, é curadora de Artes Visuais do Instituto Moreira Salles desde 2008.

Iara Lis Schiavinatto
Doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas, é livre-docente pela Unicamp, onde atua como docente dos Programas de Pós-Graduação em História e Artes Visuais. Suas ênfases de pesquisa residem em cultura visual, cultura política, cultura das mídias, história intelectual e patrimônio. Pesquisadora CNPq 1D, com estágios em acervos e museus em Portugal, Espanha, França e EUA. Foi diretora associada do Museu de Artes Visuais da Unicamp entre setembro de 2017 e março de 2019. Encontra-se em estágio sabático de pesquisa, desenvolvendo projeto, como pesquisadora colaboradora, junto ao Museu Paulista da USP.

Patricia Camera
Professora adjunta do Departamento de Artes e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa e chefe da Seção de Ação Educativa do Museu Campos Gerais, possui doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e pós-doutorado no Museu Paulista da Universidade de São Paulo.

Solange Ferraz de Lima
Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, é livre-docente pelo Museu Paulista da mesma universidade, onde atua como docente e curadora desde 1990. Tem experiência na área de história, com ênfase em cultural material e cultura visual. Sua produção acadêmica resulta da pesquisa e curadoria de acervos, principalmente nos seguintes temas: cultura visual, cultura material, fotografia, ornamentação, cidades, coleções, curadoria e museus. É diretora do Museu Paulista da Universidade de São Paulo desde junho de 2016.


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