Emancipação, inclusão e exclusão
Desafios do passado e do presente
IMS Poços de Caldas
Rua Teresópolis, 90
Jardim dos Estados - Poços de Caldas/MG
CEP 37701-058
Visitação
Exposição encerrada.
De 19 de abril a 16 de agosto de 2015
Horário
Terça a domingo e feriados (exceto segunda), das 13h às 19h
Contato
(35) 3722-2776
[email protected]
Curadoria
Lilia Moritz Schwarcz
Maria Helena Machado
Sergio Burgi
Na Internet
#fotografiaIMS
Imprensa
(11) 3371-4455
[email protected]
O Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas apresenta a exposição Emancipação, inclusão e exclusão. Desafios do passado e do presente – Fotografias do acervo Instituto Moreira Salles, com fotografias de Marc Ferrez, Victor Frond e Georges Leuzinger, entre outros. A curadoria é de Lilia Moritz Schwarcz, Maria Helena Machado e Sergio Burgi.
A mostra com 17 imagens analisa o registro fotográfico feito no Brasil sobre negros – livres, escravizados ou libertos –, em um período em que vários fotógrafos estrangeiros atuavam no país, com trabalhos de forte elaboração estética e formal. Os trópicos, a natureza e seus habitantes foram registrados em câmeras de grande formato sobre tripés, que aproximam o resultado da imagem fotográfica do período aos padrões da pintura de cavalete. Como na representação da natureza – com suas grandes cascatas, florestas virgens, mar profundo e paisagens –, a dos nativos era quase idealizada, adquirindo um caráter icônico e onírico.
A fotografia chegou cedo no Brasil. Já no fim dos anos 1860, contava com clientela garantida, incluindo, entre outros, o imperador d. Pedro II, ele próprio um fotógrafo. Por outro lado, a escravidão demorou demais a acabar, guardando o Brasil a triste marca de ser o último país do Ocidente a admitir esse sistema. A confluência desses dois fatos resultou em um registro amplo e variado desse sistema de trabalho e de seus trabalhadores. Por vezes tomados ao acaso, por vezes figurando como modelos exóticos ou tipos para a análise da ciência, ora como parte do cenário, ora como figuras principais, escravizados foram flagrados nas mais diversas situações.
Mas se a operação de converter os indígenas em “objeto de estúdio” fazia parte dos cânones românticos de época, mais difícil era captar o dia a dia da escravidão e do trabalho forçado. Grande contradição do Império brasileiro, o sistema escravista foi abordado por diversos fotógrafos, autônomos ou apoiados pela Coroa. Particularmente nos anos 1870 e 1880 proliferaram as fotos de escravizados, revelando, por sua regularidade, o quão natural entre nós e disperso pelo país era esse sistema. Negros figuraram em cartes de visites, e também nos documentos científicos. Estariam presentes também nas fotografias de paisagem e na documentação do trabalho nas fazendas de café, realizadas tanto por Victor Frond, nos anos de 1859 e 1860, como por Georges Leuzinger, por volta de 1860, e Marc Ferrez, na década de 1880. Em todos esses casos, vemos a montagem da representação naturalizada da escravidão: tudo em seu lugar.
Nas cidades, os fotógrafos do século XIX encontraram os motivos e as características de uma escravidão urbana, caracterizada pelos trabalhos de rua, com a presença de figuras urbanas marcantes, como carregadores, vendeiras e barbeiros − libertos ou cativos. Mais uma vez, a forma precisa e estetizada se fazia presente nos cestos bem montados, nas vendeiras dispostas de maneira equilibrada e com panos das costas detalhadamente expostos, nos carregadores de liteiras bem postados. Aí estava novamente o espetáculo de uma escravidão pacífica e sem contestação. No entanto, essas fotos urbanas denunciam igualmente precariedade, indisciplina e certa ausência de controle do trabalho escravo nas cidades. É como se os fotógrafos, em boa parte estrangeiros e a par das críticas ao sistema escravista, buscassem com estas imagens fazer eco às ideias que circulavam, neste momento, nos círculos letrados e humanistas, a respeito da urgência do país superar a escravidão.
A possibilidade atual de ampliar os negativos permitiu que trouxéssemos à tona detalhes de primeiro e de segundo planos das fotografias. Ao prestarmos atenção nesses detalhes, podemos vislumbrar muitos momentos e ângulos de autonomia e de vontade própria por parte dos fotografados, possibilitando uma leitura a contrapelo ao sentido geral das imagens. Com as novas técnicas de ampliação, é possível visualizar ângulos recônditos das fotografias, muitas vezes desconhecidos pelo próprio artista que registrou a cena. Embora o fotógrafo do XIX não pudesse revelar suas fotos em proporção mais ampliada, o negativo que ele nos legou permite, e é esse o convite que fazemos nessa exposição. A partir de recortes das imagens, vemos gestos e olhares que conferem singularidade aos indivíduos fotografados, fossem eles escravizados, libertandos ou libertos.
Exposição encerrada.
Programação
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