fotolivros e ditaduras sul-americanas
Mostra
Encerrada
21/3 a 11/6/2023
IMS Paulista
Biblioteca - 1º andar
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP
Horário
Capas dos livros expostos na mostra
A memória coletiva de regimes ditatoriais costuma entrar na mira de todo novo governo antidemocrático, que busca manipulá-la ou simplesmente apagá-la. A arte, quando lida com o mesmo tema, não raro trilha o caminho inverso, podendo não apenas resgatar essa memória como expandi-la. Esta exposição é composta de fotolivros que abordam as ditaduras militares ocorridas na América do Sul entre os anos 1960 e 1980. Nos títulos, vemos como fotógrafos e artistas documentaram os acontecimentos no momento ou como os rememoraram depois, muitas vezes se valendo de álbuns familiares e arquivos públicos. Nas páginas dos livros expostos encontramos a iminência dos golpes de Estado, a atuação da repressão, o cotidiano possível, os dramas familiares, as greves e as lutas de resistência, os lugares indizíveis, o exílio, as dissidências ocultas e os efeitos da ausência dos desaparecidos.
Curadoria
Miguel Del Castillo
A pesquisadora chilena Ángeles Donoso Macaya oferece nesta palestra um panorama da atividade fotográfica durante a ditadura militar no Chile. Vídeo de Maria Clara Villas, com interpretação em Libras.
de Nair Benedicto, Juca Martins, Edu Simões et al.
São Paulo: Agência F4, 1980
Único livro desta seleção a ter sido publicado durante um regime militar, este volume é um misto de cobertura e manifesto no calor da hora. Três fundadores da Agência F4 (Nair Benedicto, Juca Martins e Edu Simões) assinam a edição fotográfica, que também conta com imagens de outros profissionais. Dinâmica, a sequência coloca lado a lado a esperança das movimentações (destacando ora o coletivo, ora o indivíduo) e a repressão policial. O movimento dos metalúrgicos paulistas surge, assim, como signo e inspiração para outras lutas por liberdade pelo país. Os textos reforçam esse aspecto e contextualizam as movimentações e a criação do Partido dos Trabalhadores.
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de Paz Errázuriz
Santiago: Zona, 1990
Entre 1982 e 1987, Paz Errázuriz dedicou boa parte de seu tempo a conviver com grupos de travestis, trabalhadoras sexuais de bordéis em Santiago e Talca, no Chile. Muitas sofriam todo tipo de abuso e violência por parte da polícia. Em 1990, coincidindo com a reabertura política do país, as imagens em branco e preto da série – em que pulsam o dia a dia, as preparações e apresentações das protagonistas – foram publicadas neste fotolivro, acompanhadas de textos e entrevistas feitas com as integrantes dessa família heterodoxa, que em nada se encaixava no modelo burguês tradicional – e que se viu dizimada pela aids, pela precariedade econômica e pela repressão.
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de Rosa Gauditano
São Paulo: Studio R, 2021
Testemunha ocular de importantes momentos da história brasileira, Rosa Gauditano revisita aqui fotografias da atuação de mulheres nos movimentos sociais em São Paulo no fim dos anos 1970 e começo dos 1980. A fotógrafa registrou as greves do ABC, o movimento do Custo de Vida, o SOS Mulher, os três congressos da Mulher Paulista, as primeiras manifestações do Movimento Negro Unificado e outros momentos que tiveram importante envolvimento feminino na busca por mudanças na sociedade brasileira – e que culminaram nas Diretas Já e, posteriormente, no fim da ditadura.
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de Luis Weinstein
Santiago: edição do autor, 2014
Luis Weinstein propõe uma edição bastante contemporânea (na maneira como a sequência é organizada, nos recortes e nas justaposições das imagens) de fotografias que fizera em seu país natal, o Chile, durante os anos de ditadura. São registros de dias “normais” que transcorriam sob a sombra ameaçadora do regime militar. O livro começa com uma página de jornal informando da tomada do poder pela Junta Militar e termina com a cédula de voto do plebiscito que acabou por destituir o longevo ditador – e, entre ambos, coleciona momentos corriqueiros, tanto de apoiadores como de pessoas comuns que se opunham ao regime.
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de Rosângela Rennó
Montevidéu: CdF, 2015
Testemunho impresso do valor de resistência das imagens, este catálogo tem tanto peso quanto a exposição da artista brasileira no Centro de Fotografía de Montevidéu. Rennó se baseou no acervo do fotógrafo Aurelio González, que trabalhava para o jornal do Partido Comunista do Uruguai e, pressentindo o golpe, escondeu 50 mil negativos num local de difícil acesso, retornando a eles apenas 30 anos depois. As imagens foram feitas entre 1957 e 1973 e registram os anos de crise política e decadência econômica do país que, como em muitos outros do continente, precederam a instalação da ditadura militar.
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de Helen Zout
Buenos Aires: Dilan, 2009
A argentina Helen Zout, que viveu a ditadura, fotografou sobreviventes, mães e filhos de desaparecidos, exumações, documentos judiciais e locais que funcionaram como centros de tortura ou cemitérios clandestinos. Sua busca parece ser a compreensão do que significa estar desaparecido, essa palavra que se liga tanto à ditadura; de como encarar essa realidade a partir de um crânio com furos de bala, de uma praia que seria comum, não fosse o local em que foram encontrados corpos atirados de um avião, e fazê-lo com fotos em preto e branco, muitas vezes propositalmente tremidas, como se a memória as fizesse vibrar.
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de João Pina
Rio de Janeiro: Tinta da China, 2014
Este extenso projeto do fotógrafo português João Pina é um tributo às cerca de 60 mil vítimas da Operação Condor, plano secreto instituído em 1975 pelas ditaduras militares de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai que visava a eliminar a oposição política, os considerados “subversivos”. O artista apoia-se em farta documentação histórica e em imagens produzidas in loco para documentar o que restou e as consequências do plano, dando especial atenção a sobreviventes e militantes, objetos e palcos de operação dos regimes.
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de Diego Di Niglio
São Paulo: edição ao autor, 2018
Entre imagens contemporâneas de pessoas, paisagens e objetos (guardados ou simbólicos), recriações de algumas situações e fotografias de documentos de época, Di Niglio parte do militante comunista pernambucano Gregório Bezerra para contar as histórias de 24 pessoas atingidas pela repressão militar. Se no começo dos relatos visuais as imagens são mais escuras e conceituais, aos poucos, após transitarmos por elas e pelos registros antigos dos desaparecidos, começamos a ver os rostos desses personagens que sobreviveram ou que deles descendem.
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de Shirlene Linny e Julio Cesar Cardoso
Rio de Janeiro: Lp Press, 2019
Em 1979, o embaixador José Jobim foi sequestrado e assassinado pelo regime militar brasileiro por ter provas contundentes de um esquema de corrupção envolvendo a construção da então maior usina hidrelétrica do mundo, iniciada em 1974. A potência deste fotolivro reside sobretudo na articulação de diferentes materiais – fotografias atuais de Itaipu, documentos e imagens de época, plantas baixas e matérias de imprensa –, que cria uma atmosfera de alta tensão para a história, na qual a rigidez e a monumentalidade do concreto da hidrelétrica remetem a um Estado duro, acachapante, e seus corredores sombrios parecem conduzir a salas de tortura.
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de Gilvan Barreto
Rio de Janeiro: Lp Press, 2019
Fernando de Noronha, arquipélago conhecido por sua beleza natural, mas que foi cárcere de presos políticos durante a ditadura, funciona como metonímia para Gilvan Barreto falar do Brasil de ontem e de hoje. Com colagens (que misturam animais a corpos engravatados), registros de diálogos (os embates com pessoas que condenavam a exposição que originou este livro) e fotografias (muitas com intervenções escritas), o autor realiza um anacronismo proposital e significativo ao se aproximar do presente, pois esse imaginário da ditadura se conecta muito ao do país em 2019, quando recém tomava posse Jair Bolsonaro, abertamente defensor dos regimes militares.
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de Lucila Quieto
Buenos Aires: Casa Nova, 2011
A partir da própria experiência de ter tido um pai sequestrado pela ditadura militar argentina e nunca encontrado, a artista fotografou a si e a outros filhos de desaparecidos diante de projeções de fotografias antigas de seus progenitores. Numa espécie de sobreposição temporal e imagética, algumas vezes os rostos se mesclam; em outras, a figura da pessoa diante da projeção complementa a foto original – que costuma ser um retrato de um momento cotidiano, sem grande importância –, e há também momentos em que a imagem projetada parece estampar, marcar a pessoa diante dela.
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de Celeste Rojas Mugica
Buenos Aires: Asunción, 2017
Este fotolivro resulta de um diálogo da artista com o arquivo fotográfico de seu pai, produzido durante sua militância no Chile e, sobretudo, em seus 11 anos de exílio no Equador. Entre as imagens, ainda que conste uma troca de mensagens com o pai – nas quais, entre outras coisas, ele explica a origem de seu interesse pela fotografia e diz que muitas vezes usava as fotos para despistar, fingindo viagens familiares que nem sempre existiram –, o leitor acompanha a própria autora no fazer quase ficcional da edição, tentando juntar pontas soltas, fazer conexões e ler os vestígios deixados pelas fotografias.
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Exposição encerrada
Entrada gratuita
21/3 a 11/6/2023
Terça a domingo e feriados (exceto segunda) das 10h às 20h. Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.
IMS Paulista
Biblioteca - 1º andar
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP
PROTOCOLOS DE VISITA AO IMS PAULISTA ►
Contato
(11) 2842-9120
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Imprensa
(11) 3371-4455
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Buenos Aires, Argentina
Papel y plomo: fotolibros y dictadura en Brasil
FELIFA/Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti
9 a 12/11/23
Montevidéu, Uruguai
Papel y plomo: fotolibros y dictadura en Brasil
Centro de Fotografia de Montevideo
14/11/23 a 14/5/24
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