It's all true
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1993. 89min. 12 anos
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Em um texto de 1958 intitulado A aventura brasileira, Paulo Emílio Salles Gomes descreve um projeto frustrado de Orson Welles no Brasil. O filme se chamaria It’s All True [É tudo verdade] e foi encomendado a Welles durante a Segunda Guerra Mundial, no contexto da Política de Boa Vizinhança do governo Roosevelt dos EUA com a América Latina. O filme seria composto de três episódios: uma parte filmada no México e duas no Brasil. Nas palavras do crítico, o que levou Welles “a se lançar no empreendimento não foram preocupações comerciais e nem unicamente razões artísticas. Ele era sobretudo movido por idealismo cívico”, adepto da política de Roosevelt.
Um dos episódios brasileiros reconstituía a viagem de quatro jangadeiros, que protestavam por melhores condições de trabalho, de Fortaleza à baía de Guanabara. No entanto, Jacaré, líder do grupo, morreu em um acidente durante a viagem. A produtora RKO Pictures, com quem Welles já tinha uma relação tensa, engavetou o projeto e confiscou os materiais rodados.
Segundo Paulo Emílio, “as relações humanas que Welles estabelecera com os negros das favelas e os pescadores cearenses eram tão profundas quanto as de Eisenstein com os peões mexicanos; a morte de Jacaré foi a experiência mais trágica de sua vida e encerrou o período feliz da experiência brasileira. De volta ao Rio, preparou-se para filmar sequências de macumba que seriam intercaladas no episódio carioca. O material recolhido durante quatro meses de trabalho era abundante e de excelente qualidade, e tornaria It’s All True um canto de amor e solidariedade aos negros e pescadores brasileiros.”
Quando o texto foi escrito, o diretor ainda estava vivo: " Orson Welles nunca se resignou com o destino de It’s All True, e durante anos pensou em juntar dinheiro para a aquisição dos negativos e nunca conseguiu [...] Há 16 anos, as imagens brasileiras de Welles mofam nos arquivos do estúdio. Não me surpreenderia se It’s All True, ao lado de Citizen Kane e The Magnificent Ambersons [Soberba], constituísse a maior glória de sua carreira e revelasse uma faceta inédita do seu gênio cinematográfico.”
O que Paulo Emílio nunca chegou a ver em vida foi que, em 1985, as imagens do episódio “Jangadeiros”, das quais grande parte jamais havia sido vista, foram redescobertas nos estúdios da Paramount. Richard Wilson, remanescente da equipe original de Welles, se propôs a montar o filme do modo mais próximo possível às intenções do diretor, o que resultou no curta Four Men on a Raft(1986). Este documentário inclui essa versão praticamente integral, trechos dos outros dois segmentos, filmados no Rio e no México, e depoimentos do próprio Welles e de pessoas que participaram do projeto.
Comparando viagem de Welles à experiência mexicana de Eisenstein e a seus efeitos no cinema do país, Paulo Emílio comenta: “Graças a Orson Welles, 1942 poderia ter sido a data da descoberta cinematográfica do Brasil”.
A sessão do dia 29/9, que acontece no IMS Rio, será apresentada por Stephanie Dennison e Maite Conde.
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
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