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1933. 82min. Livre
Formato de exibição
Parte da mostra
A pesquisadora Maite Conde apresentará as duas sessões de Ganga bruta.
IMS Rio: 29/9, domingo, 20h
IMS Paulista: 2/10, quarta, 19h
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Em sua noite de núpcias, Marcos assassina a esposa ao descobrir que ela não era virgem. O escândalo repercute na imprensa, mas o homem é absolvido. Muda-se para Guaraíba, onde dirige as construções de uma fábrica, auxiliado por Décio, que vive com sua mãe paralítica, e Sônia, sua irmã de criação. Sônia e Marcos se envolvem, mas Décio, que a ama platonicamente, teme que algo aconteça entre os dois.
No texto “Mauro e dois outros grandes”, de 1961, Paulo Emílio Salles Gomes defende que Humberto Mauro, Mário Peixoto e Lima Barreto seriam, “até segunda ordem, as personalidades mais fascinantes da história da cinematografia brasileira. [...] A vocação técnica intuitiva de Humberto Mauro permitiu-lhe absorver bem o que realizavam os autores das fitas estrangeiras a que assistia, e seguir-lhes as pegadas, e tentar repetir suas audácias de linguagem. É o que dá a alguns de seus filmes – notadamente Ganga bruta – um tom às vezes clássico e outras vanguardístico, que chamou a atenção dos críticos que ultimamente têm se interessado pela obra de Mauro. [...]
Se os valores do filme se limitassem exclusivamente a esses aspectos, Ganga bruta não teria um interesse maior. O que o torna atraente e saboroso é o fato de ser ao mesmo tempo muito brasileiro e pessoal. Se a heroína evoca a visão cinematográfica norte-americana do encanto feminino em curso até aproximadamente 1920, e decorrente da concepção griffithiana da beleza da mulher, o herói de Ganga bruta, com seus impulsos, sua melancolia, sua noção de honra, seus bigodes – característica latino-americana em geral e brasileira em particular –, é indiscutivelmente uma expressão nacional. O universo dos personagens secundários é uma expressão da realidade brasileira, acentuada e deformada por um obscuro pessimismo que Mauro partilha com muitos outros realizadores cinematográficos nacionais, antigos e modernos. [...] Como boa parte do cinema dramático brasileiro, Ganga bruta é impregnada de um relento de estagnação e decadência. Nada disso, porém, impede que se manifeste nessa fita, como, aliás, de maneira ainda mais acentuada em fitas anteriores e posteriores do autor, o lirismo que a vida da província inspira a Humberto Mauro.”
A íntegra do texto de Paulo Emílio pode ser encontrada no livro Uma situação colonial, organizado por Carlos Augusto Calil e editado pela Companhia das Letras (2016)
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
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