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Billy Woodberry em retrospectiva

IMS Paulista: de 6 a 30 de junho de 2023

Figura essencial na história do cinema norte-americano, Billy Woodberry apresentará ao público de São Paulo sua primeira grande retrospectiva realizada no Brasil, passando pelos anos de L.A. Rebellion, as colaborações com parceiros como Haile Gerima e Thom Andersen e a produção documental mais recente, com filmes que abordam figuras como o poeta beatnik Bob Kaufman e o pai do cinema africano Ousmane Sembène. A programação contará ainda com uma seleção proposta por Woodberry de filmes que o marcaram enquanto artista, professor e espectador.

No dia 6 de junho, o cineasta estará presente para debater, com a pesquisadora e curadora de cinema Tatiana Carvalho Costa, seu primeiro longa-metragem, exibido em 35 mm, e, no dia 8, ministrará uma masterclass aberta ao público.

Nascido em Dallas em 1950, Billy Woodberry foi um dos pioneiros do movimento que ficou conhecido como L.A. Rebellion, com seus filmes de ficção A bolsa e o clássico Abençoe seus pequeninos corações. Junto aos seus colegas de estudo na UCLA, foi responsável por inaugurar um novo imaginário em torno dos personagens negros no cinema norte–americano e uma nova Los Angeles, vista sob o prisma dos debates raciais, de gênero e de classe. Dedicou-se à carreira de professor universitário na Universidade da Califórnia (UCLA) e no Instituto de Artes da Califórnia (CalArts), além de ter colaborado como ator e narrador com a obra de cineastas próximos. Nos anos 2010, retornou à direção de filmes pela via do documentário, com um olhar que permaneceu atento a figuras e momentos importantes da história negra e das classes subalternizadas.

Os filmes de Woodberry foram exibidos nos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Viennale, Rotterdam, no Museu de Arte Moderna (MoMA), Tate Modern, Centre Pompidou e BAMFA, entre outros locais.

Billy Woodberry e a emancipação das imagens - por Tatiana Carvalho Costa ►
Red Bird  - A propósito de A bolsa e Abençoe seus Pequeninos Corações - por Maria João Madeira ►

Arte por Oga Mendonça

DEBATE COM BILLY WOODBERRY e TATIANA CARVALHO COSTA

6/6/2023, terça, 19h
Exibição em 35 mm de Abençoe seus pequeninos corações seguida de debate com Billy Woodberry e Tatiana Carvalho Costa (com tradução simultânea e interpretação em Libras para as falas do diretor e da pesquisadora)

Mais informações sobre o debate ►

 

SESSÕES APRESENTADAS POR BILLY WOODBERRY

Carta Branca a Billy Woodberry: Chuva + Pelas ruas + Couro de gato + O carroceiro
7/6/2023, quarta, 19h
Sessão apresentada por Billy Woodberry (com tradução consecutiva e interpretação em Libras para a fala do diretor)

Carta Branca a Billy Woodberry: Hanoi, terça-feira, dia 13 + Seus filhos voltam pra você + Matar-se o tempo
7/6/2023, quarta, 20h30
Sessão apresentada por Billy Woodberry (com tradução consecutiva e interpretação em Libras para a fala do diretor)

 

MASTERCLASS COM BILLY WOODBERRY

Além da L.A. Rebellion: encontrando um caminho nas sombras de “Hollywood”
8/6/2023, quinta, 18h
Evento com tradução simultânea e interpretação em Libras
Mais informações sobre a Masterclass ►


Programação

IMS Paulista: de 6 a 30 de junho de 2023

 

IMS PAULISTA

6/6/2023, terça
19h - Abençoe seus pequeninos corações
Exibição em 35 mm seguida de debate com Billy Woodberry e Tatiana Carvalho Costa (com tradução simultânea e interpretação em Libras para as falas do diretor e da pesquisadora)

7/6/2023, quarta
19h - Chuva + Pelas ruas + Couro de gato + O carroceiro
Sessão apresentada por Billy Woodberry (com tradução consecutiva e interpretação em Libras para a fala do diretor)

20h30 - Hanoi, terça-feira, dia 13 + Seus filhos voltam pra você + Matar-se o tempo
Sessão apresentada por Billy Woodberry (com tradução consecutiva e interpretação em Libras para a fala do diretor)

8/6/2023, quinta
16h - A bolsa + Uma história de África + Quando chove + Marseille après la guerre
18h - Masterclass com Billy Woodberry: Além da L.A. Rebellion: encontrando um caminho nas sombras de “Hollywood”
Evento com tradução simultânea e interpretação em Libras

9/6/2023, sexta
19h45 - Cinzas e brasas

10/6/2023, sábado
18h - E quando eu morrer, não ficarei morto
19h45 - Hollywood vermelha

13/6/2023, terça
19h10 - Los Angeles por ela mesma

17/6/2023, sábado
18h - A bolsa + Uma história de África + Quando chove + Marseille après la guerre

18/6/2023, domingo
17h45 - Cinzas e brasas

21/6/2023, quarta
20h - Hollywood vermelha

24/6/2023, sábado
19h - Abençoe seus pequeninos corações
21h - Los Angeles por ela mesma

25/6/2023, domingo
16h30 - Chuva + Pelas ruas + Couro de gato + O carroceiro
18h - Hanoi, terça-feira, dia 13 + Seus filhos voltam pra você + Matar-se o tempo

29/6/2023, quinta
20h - Hollywood vermelha

30/6/2023, sexta
21h - E quando eu morrer, não ficarei morto


Filmes

Eixo 1: Billy Woodberry em retrospectiva


A bolsa + Uma história de África + Quando chove + Marseille après la guerre

Classificação indicativa: 14 anos

A bolsa
The Pocketbook

Billy Woodberry | EUA | 1980, 13', Restauração em DCP (Milestone) | Classificação indicativa: Livre

Adaptado de um conto de Langston Hughes chamado Thank You, Ma'am, o curta centra-se em um menino que questiona sua trajetória de vida depois de ser pego roubando a bolsa de uma mulher mais velha.

Ambientado no bairro de Watts, em Los Angeles, e sob fotografia de Charles Burnett, Gary Gaston e do brasileiro Mario Silva, uma epopeia infantojuvenil cindida em dois atos: de dia, o olhar dos meninos sobre o tempo da brincadeira e os indícios de vida, enquanto um nostálgico blues de Lead Belly se repete e faz do filme uma cantiga em disparada. À noite, o garoto que brincava tenta roubar a bolsa de uma senhora, negra como ele, que observava uma vitrine na calçada.

A reação da senhora ao impropério é levar o menino Ray para casa e lhe dar, sim, um aconchego maternal, além de uma razoável lição de moral, que, no entanto, é discretamente subversiva: porque também ela admite não poder ser o eixo de uma sociedade integrada, pequeno-burguesa. Pelo contrário, é uma espécie de mesma de Ray – sem nunca poder ser exatamente, e, portanto, não seria capaz de compreender o garoto de todo. Daí a melancolia da comunidade, que a faz dissensual e que guarda a preciosa singularidade de cada rosto.

A bolsa termina por se distinguir como um ensaio melodramático que tem como um dos objetos mais caros a insuficiência da sociologia em traduzir o que os afetos comunicam, e vice-versa. Woodberry, sagaz cronista e filiado a traços da imaginação neorrealista, é certamente um par criativo de Charles Burnett, interessado na correspondência e na defasagem entre os movimentos do mundo e os dramas mais íntimos, secretos, entre a dor e os pequenos prazeres, entre o destino e a fuga. Este filme – como o longa Abençoe seus pequeninos corações, não à toa roteirizado por Burnett – voltou a circular nos últimos anos graças ao importante trabalho de distribuição da independente Milestone.

Texto adaptado da sinopse da mostra L.A. Rebellion, realizada no IMS em 2019, com curadoria de Luís Fernando Moura e Victor Guimarães.

 

Uma história de África
A Story from Africa
Billy Woodberry | EUA, Portugal | 2018, 32', DCP (Divina Comédia) | Classificação indicativa: 14 anos

Na sequência da Conferência de Berlim de 1885 quanto à divisão de África, o exército português usa um oficial talentoso para fazer o registo fotográfico da ocupação efetiva do território conquistado em 1907 ao povo Cuamato, no sul de Angola. Uma história de África dá vida a esse arquivo fotográfico através da história trágica de Calipalula, o fidalgo Cuamato cujo papel foi decisivo no desenrolar dos eventos dessa campanha de pacificação portuguesa.

“Primeiro pensei que fosse uma imagem referente ao comércio de escravizados transatlânticos. Uma imagem que me é familiar, como afro-americano, mas havia ali algo de diferente pois vi que datava de 1907”, comenta Billy Woodberry. “Tinha de saber tudo sobre o contexto que levou à produção daquela fotografia, naquele território e naquele período tão particular da história europeia.”

 

Quando chove
When It Rains
Charles Burnett | EUA, França | 1995, 13', DCP (Milestone Films) | Classificação indicativa: 14 anos

No dia de ano-novo, um griô urbano (interpretado por Ayuko Babu, cofundador do Pan African Film Festival) embarca em uma jornada por seu bairro em busca de amigos que possam ajudá-lo a arrecadar o dinheiro do aluguel da moradia de uma jovem mulher (Florence Bracy), para evitar que ela e sua filha sejam despejadas. A ajuda, no final, vem de um encontro inesperado. Billy Woodberry desempenha um breve porém decisivo papel no desenrolar da trama.
Quando chove é um belo retrato musical da vida cotidiana da comunidade negra de South Central, Los Angeles – cenário de vários filmes de Burnett, como O matador de ovelhas (1977) e O casamento de meu irmão (1983). O crítico Jonathan Rosenbaum classificou o filme como um dos melhores de todos os tempos e escreveu: “Este é um dos raros momentos do cinema em que o jazz influencia diretamente a narrativa do filme”.

Adaptação da sinopse da Sessão Mutual Films: O delírio do momento. Edição online da sessão realizada pelo IMS com curadoria de Aaron Cutler e Mariana Shellard.

 

Marseille après la guerre
Marseille après la guerre
Billy Woodberry | França | 2016, 11', DCP (Divina Comédia) | Classificação indicativa: 14 anos

Um olhar poético e crítico acerca dos estivadores de Marselha após a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto pesquisava a história do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Marítimos dos Estados Unidos, Woodberry se deparou com um fascinante acervo de fotografias de estivadores nas docas em Marselha, França, a partir da década de 1940. Com essas imagens granuladas em preto e branco, Marseille après la guerre evoca "solidariedade, fraternidade e luta" entre os estivadores logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Essa coleção de fotos – juntamente com uma trilha sonora complexa – é uma homenagem ao renomado cineasta senegalês Ousmane Sembène (1923-2007), que também trabalhou nas docas de Marselha após a guerra e baseou seu romance Le docker noir, de 1954, nessas experiências formativas. A lembrança do livro, que descreve o preconceito racial vivido por africanos na França, contagia a fotomontagem do filme, cujas imagens mostram solidariedade entre trabalhadores de origens diferentes.

Texto adaptado da sinopse da mostra Hollywood e além: o cinema investigativo de Thom Andersen, com curadoria de Aaron Cutler e Mariana Shellard.

 

Programação

IMS Paulista
8/6/2023, quinta, 16h
17/6/2023, sábado, 18h


Abençoe seus pequeninos corações

Bless Their Little Hearts
Billy Woodberry | EUA | 1983, 80', 35 mm (UCLA) | Classificação indicativa: 12 anos

Abençoe seus pequeninos corações é centrado em Charlie, um desempregado que arranja bicos para sustentar a família, e Andais, que precisa administrar a vida doméstica e cuidar dos filhos. Este drama, trabalho de conclusão de mestrado na UCLA, se passa no bairro de Watts, em Los Angeles, onde orquestra o choque entre dois movimentos de vida, de marido e mulher, e, na mais fina tradição da crônica social desenvolvida no contexto da L.A. Rebellion, atenta para a complexidade dos laços e das relações entre as pessoas – para a empatia em meio ao conflito moral –, por meio de aguda sensibilidade realista.

Uma das obras-primas da L.A. Rebellion, Abençoe seus pequeninos corações destila as preocupações sociais e estéticas desse movimento pioneiro no cinema negro norte-americano. O filme de estreia em longa-metragem de Billy Woodberry mostra um olhar atento e observacional, uma sensibilidade tanto para as nuances da comunidade como para com as famílias que orbitam seus cotidianos nas telas, e a relação desses acontecimentos pulsados pelo poder do jazz.

Billy Woodberry se reuniu aqui ao eventual colaborador e colega de classe Charles Burnett – que já havia sido um dos fotógrafos de seu curta A bolsa, três anos antes. A escrita melodramática de seu primeiro curta-metragem, calcada na compaixão diante de ruínas morais – como fazer o que se diz certo se as coisas do mundo não vêm vindo bem? –, é retomada para que se desenvolva talvez um dos filmes da L.A. Rebellion em que as consequências da dramaturgia são encaradas de forma mais frontal, longa e dedicada. É preciso, como na melhor colaboração entre cinema clássico e consciência crítica, que a cena comunique paixão e contingência do conflito.

Para tanto, Nate Hardman e Kaycee Moore, protagonistas, estão afiados e partilham pontos de vista de densidade semelhante, que não só expressam a expectativa histórica dos papéis de gênero como problema – político e dramático –, como catalisam o retrato melancólico de um tempo e de um espaço. A síntese e a melancolia desses papéis encontram-se singularmente expressas nas artes do cartaz da retrospectiva, desenvolvido pelo multiartista Oga Mendonça. Como em A bolsa, o valor do dinheiro e do trabalho na sociedade americana é objeto e disruptor de uma hipótese, enquanto o jazz empresta notas emocionais e subtexto político.

Texto adaptado da sinopse da mostra L.A. Rebellion, realizada no IMS em 2019, com curadoria de Luís Fernando Moura e Victor Guimarães.

 

Programação

IMS Paulista
6/6/2023, terça, 19h
Exibição em 35 mm seguida de debate com Billy Woodberry e Tatiana Carvalho Costa (com tradução simultânea e interpretação em Libras para as falas do diretor e da pesquisadora)

24/6/2023, sábado, 19h


E quando eu morrer, não ficarei morto

And When I Die, I Won’t Stay Dead
Billy Woodberry | EUA, Portugal | 2015, 90', DCP (Divina Comédia) | Classificação indicativa: 14 anos

O poeta beatnik Bob Kaufman evocou, imprimiu e contribuiu com uma voz singular ao imaginário poético-político da literatura mundial. Kaufman foi personagem contundente da geração beatnik, em meados do século XX, nos EUA. Nascido em Nova Orleans, de origem negra e judaica, Kaufman foi perseguido durante toda sua vida por questões raciais e políticas, que datam de sua juventude, quando foi marinheiro e sindicalista, e deteve um papel de liderança no Sindicato Nacional dos Trabalhadores Marítimos dos Estados Unidos. Anos depois, após uma de suas inúmeras prisões injustificáveis, internado em um sanatório onde passou por tratamento de choque, Kaufman fez um voto de silêncio que durou mais de uma década.

E quando eu morrer, não ficarei morto, é o primeiro longa de Woodberry depois de mais de três décadas de Abençoe seus pequeninos corações. "Como eu conhecia Bob Kaufman e sua poesia há muitos anos, tinha um desejo secreto de fazer um filme sobre ele", comenta o diretor em depoimento disponível no material de imprensa do filme. "No final dos anos 1990, durante um renascimento do interesse no movimento Beat e em seu impacto na cultura americana, a ausência de Kaufman na maior parte dos relatos da era Beat e o fracasso em incluir e reconhecer sua contribuição se tornou irritante. Isso foi um estímulo extra para conhecer mais sobre ele, seus escritos e sua vida."

"Meu interesse na história mais ampla, política, trabalhista e cultural da época transformou-o em um sujeito fascinante e intrigante. Ele viveu durante uma era tumultuada e achou uma maneira de manter-se comprometido com seus ideais radicais e encontrar outras maneiras de resistir à repressão da caça às bruxas da era McCarthy e a inexpressividade geral dos EUA nas décadas de 1950 e 1960. E, em sua poesia, através de humor, sátira, imagens surrealistas e sensibilidade para as improvisações do jazz, ofereceu, por outros meios, uma crítica contínua às injustiças da sociedade americana. Nisso ele era uma personagem exemplar, se não singular, do seu tempo. Um ponto central do filme que acabei fazendo é a presença da poesia de Bob Kaufman, como deveria ser, uma vez que é por ela que ele é conhecido, e que foi, finalmente, seu jeito de estar no mundo. Poesia e a luta para ser poeta são seus principais legados."

O texto inclui adaptações de sinopses das mostras The Voice and Vision of Billy Woodberry, da National Gallery of Art, nos EUA, e da mostra Hollywood e além: o cinema investigativo de Thom Andersen, com curadoria de Aaron Cutler e Mariana Shellard.

 

Programação

IMS Paulista
10/6/2023, sábado, 18h
30/6/2023, sexta, 21h


Eixo 2: Carta Branca à Billy Woodberry

“Quando fui convidado a pensar na exibição de uma série de curtas-metragens no Instituto Moreira Salles, recebi o direcionamento de que a sessão poderia ser composta por filmes que influenciaram o meu desenvolvimento como cineasta ou que simplesmente fosse composta por curtas que eu tivesse apreciado como espectador. Aceitei, agradeci e desafiei a proposta, passando a desenvolver uma lista de filmes que incluísse ambos os critérios.

Nesta Carta Branca, os filmes selecionados têm uma abrangência temporal de 1929 a 1995 (centenário do cinema) e incluem abordagens formais do documentário, experimental, narrativo, militantemente político, e muitas vezes com uma dimensão pessoal e poética. Esse arco temporal exibe filmes de África, da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa.

Minhas escolhas são certamente pessoais, limitadas e subjetivas. No entanto, o objetivo é compartilhar filmes que possam ser úteis aos jovens que fazem filmes ou tenham o desejo de fazê-los. Essa é uma tentativa de compartilhar alguns exemplos, modelos ou referências anteriores que possam estimular novos trabalhos, sugerindo temas e abordagens que estão por toda parte, mas nem sempre são considerados temas adequados ou dignos de filmes.

Os filmes escolhidos por mim estão igualmente divididos entre filmes que encontrei pela primeira vez durante meus anos de formação, descobrindo inspiração para começar a fazer cinema, e filmes que por acaso gosto e acho dignos de compartilhar nesse contexto.

Espero que o público os ache igualmente interessantes, inspiradores e estimulantes, como tenho feito ao longo dos anos.”
- Billy Woodberry


Chuva + Pelas ruas + Couro de gato + O carroceiro

Classificação indicativa: 14 anos

Chuva
Regen

Mannus Franken e Joris Ivens | Holanda | 1929, 12', Restauração em DCP (Eye Film Institute) | Classificação indicativa: Livre

No curta documentário experimental Chuva (1929), o pioneiro cineasta holandês Joris Ivens explora Amsterdã antes, durante e depois de uma tempestade, traçando um arco impressionista por meio de breves vinhetas – canais ondulantes, mares de guarda-chuvas, poças subindo, parapeitos gotejantes. Filmado ao longo de dois anos, mas dando ao espectador a experiência de um único evento, a peça lírica é um filme no início da carreira influente e histórica de Ivens, e um exemplo particularmente poético da “sinfonia da cidade”, na qual os cineastas visam a destilar as qualidades definidoras de diferentes ambientes urbanos. Esta versão restaurada apresenta uma partitura de 1941 do compositor austríaco Hanns Eisler intitulada Quatorze maneiras de descrever a chuva – uma obra que ele dedicou ao seu professor Arnold Schönberg.

 

Pelas ruas
In the Street
Helen Levitt, James Agee e Janice Loeb | EUA | 1948, 13', Arquivo digital (Light Cone) | Classificação indicativa: Livre

Imagens das vidas cotidianas nas ruas de um Harlem latino/hispânico, na cidade de Nova Iorque, nos anos 1940.

Um documentário despojado e urbano olha para as crianças de um bairro no Upper East Side de Manhattan. Para eles, a rua é playground, é campo de batalha, é teatro. Os fotógrafos Levitt, Loeb e Agee capturaram a sensação da energia da rua com uma série de gestos – desfile de crianças, uso de máscaras e luta; velhas senhoras observam de suas varandas; e as jovens meninas que aguardam seus paqueras nos degraus das escadas. A narrativa a partir das imagens se apresenta surpreendentemente sincera, e isso se deve também ao fato dos fotógrafos se posicionarem de modo observacional, discretos, sem que haja intervenção direta nas imagens.

 

Couro de gato
Joaquim Pedro de Andrade | Brasil | 1960, 12', 35 mm (Arquivo Nacional) | Classificação indicativa: 12 anos

Episódio do longa-metragem Cinco vezes favela (1963). Às vésperas do Carnaval, garotos de uma favela roubam gatos para fabricantes de tamborins. Exercício de realismo lírico, síntese de ficção e documentário, o filme narra o amor de um menino por um angorá e seu dilema ao ter que vender o bichano. O filme ainda conta com as participações de Domingos de Oliveira (no elenco e como assistente de direção) e de Milton Gonçalves (atuação). O futuro diretor David Neves assina a assistência de fotografia. Este segmento foi considerado pelo Festival de Clermont-Ferrand, na França, como um dos 100 melhores curtas dos últimos tempos e recebeu o Prêmio de Qualidade da Comissão de Auxílio à Indústria Cinematográfica do Rio de Janeiro (CAIC).

 

O carroceiro
Borom sarret
Ousmane Sembène | França, Senegal | 1963, 20’, DCP (Capu Seen) | Classificação indicativa: 14 anos

A gênese do cinema negro africano pode ser atribuída a esta curta e dura obra-prima, que narra um dia na vida de um trabalhador de Dakar. O dia frustrante deste "borom sarret" (uma expressão wolof para carroceiro), que é assaltado por uma série de passageiros desonestos. Quando sua carroça é confiscada pela polícia, ele perde não apenas seu meio de subsistência, mas também sua única reivindicação de autorrespeito em uma comunidade explorada e empobrecida.

Sembène é um dos mais notáveis escritores e cineastas do continente de África. Seu O carroceiro (1963) foi o primeiro filme feito por um africano negro sobre um tema fictício a ser distribuído fora da África. Seus filmes e romances examinam as muitas faces de um continente emergindo da era colonial, em confronto com as tensões de independência e modernização.

 

Programação

IMS Paulista
7/6/2023, quarta, 19h
Sessão apresentada por Billy Woodberry (com tradução consecutiva e interpretação em Libras para a fala do diretor)

25/6/2023, domingo, 16h30


Hanoi, terça-feira, dia 13 + Seus filhos voltam pra você + Matar-se o tempo

Classificação indicativa: 14 anos

Hanoi, terça-feira, dia 13
Hanoi martes 13
Santiago Álvarez | Cuba | 1967, 38’, Arquivo digital (ICAIC) | Classificação indicativa: 14 anos

Registo da vida das pessoas na capital vietnamita e nas zonas rurais circundantes, no pico dos bombardeamentos dos EUA. As atividades cotidianas são apresentadas numa colagem de imagens: construção de canais de irrigação, plantio de arroz, pesca, tecelagem. O filme busca um paralelo entre a vida do então presidente americano Lyndon B. Johnson e a da população vietnamita. Os costumes e as emoções desses cidadãos são contrastados com os bombardeios e baixas da guerra.

 

Seus filhos voltam pra você
Your Children Come Back to You
Alile Sharon Larkin | EUA | 1979, 27', DCP (Women Make Movies) | Classificação indicativa: Livre

Na luta para sustentar sua filha, uma mãe solteira, que mantém sua família por meio de pagamentos que chegam todo mês de programas assistenciais do governo, se depara com a dura decisão de cuidar ela mesma da filha ou permitir que sua cunhada com estabilidade financeira forneça "mais do que o suficiente" para todos. O filme da diretora Alile Sharon Larkin apresenta com maestria a perspectiva de uma criança sobre riqueza e desigualdade social.

O processo de construção da identidade de mulheres negras é o mote principal da composição das protagonistas na obra de Alile Sharon Larkin realizada na UCLA. Desde o curta-metragem The Kitchen (1975), que narra os conflitos de uma mulher que lida com padrões de beleza impostos que excluem seu cabelo crespo, até o média Uma imagem diferente, que retrata a busca de uma jovem por reinventar o entendimento sobre sua descendência africana – enquanto enfrenta a masculinidade tóxica que a rodeia por todos os lados –, diferentes aspectos são trabalhados em diferentes filmes.

Em Seus filhos voltam pra você, Larkin explora esse processo a partir da perspectiva de uma criança, Tovi, interpretada por Angela Burnett – a sobrinha de Charles Burnett, que também atua em Abençoe seus pequeninos corações (Billy Woodberry, 1980).

Um dos traços formais mais marcantes de Seus filhos voltam pra você é o esforço da câmera por enxergar através dos olhos de Tovi, cuja descoberta do mundo – de suas desigualdades e injustiças – coincide com a formação de sua consciência política. Nas palavras da influente crítica americana B. Ruby Rich, “Larkin é uma cineasta jovem e original, cujo orgulho e sensibilidade só são comparáveis a seu profundo senso estético. Se há um filme tão delicado quanto este, eu desconheço.”

A frase de B. Ruby Rich, publicada no jornal The Chicago Reader, é citada (em inglês) no livro Screenplays of the African American Experience, editado por Phyllis Rauch Klotman e publicado pela Indiana University Press em 1991.

Texto adaptado da sinopse da mostra L.A. Rebellion, realizada no IMS em 2019 com curadoria de Luís Fernando Moura e Victor Guimarães.

 

Matar-se o tempo
Killing Time
Fronza Woods | 1979, 9', DCP (Women Make Movies) | Classificação indicativa: 14 anos

Matar-se o tempo é um olhar excêntrico e irônico sobre o dilema de uma mulher que pensa em suicídio, mas é incapaz de encontrar a roupa certa para morrer. A diretora Fronza Woods examina os hábitos pessoais, a socialização e as complexidades da vida que fazem com que sua personagem possa seguir em frente.

Fronza Woods fez parte do movimento ativista de cineastas que primeiro deu centralidade às vozes e experiências de mulheres afro-americanas durante o final dos anos 1970 e início dos anos 1980 (outros incluem Kathleen Collins, Julie Dash, Ayoka Chenzira). As heroínas de seus filmes são engraçadas, inteligentes, sábias e instantaneamente memoráveis. No final dos anos 1970, enquanto morava em Nova York, Woods fez dois curtas-metragens: Matar-se o tempo e Fannie's Film. A mistura de retratos e entrevistas de Woods nos leva à vida interior, aos sonhos e aos desejos de mulheres de Nova York, tanto da classe trabalhadora, como da classe média. Como resultado, seus filmes continuam a desafiar com ousadia e beleza os estereótipos contínuos da mídia tradicional sobre mulheres negras.

“Gosto de filmes sobre pessoas reais. Eu me inspiro em quase tudo, mas principalmente na luta. Estou interessada em pessoas que aceitam um desafio, não importa quão grande ou pequeno, mas que o aceitam. O que me inspira são pessoas que não ficam sentadas no banco de passageiro da vida, mas têm coragem, energia e audácia não apenas para agarrá-la pelos chifres, mas também para conduzi-la.”

Texto adaptado da plataforma Cinema of Ideas do Independent Cinema Office (em inglês).

 

Programação

IMS Paulista
7/6/2023, quarta, 20h30
Sessão apresentada por Billy Woodberry (com tradução consecutiva e interpretação em Libras para a fala do diretor)

25/6/2023, domingo, 18h


Eixo 3: Colaborações Billy Woodberry


Cinzas e brasas

Ashes and Embers
Haile Gerima | 1982, 120', DCP (Array) | Classificação indicativa: 14 anos

Nay Charles é um afro-americano, veterano do Vietnã que não se encaixa na vida, não consegue encontrar um emprego e tem dificuldade em estabelecer conexão com sua namorada politicamente comprometida. Deprimido, o anti-herói do filme deixa seu estado natal, Washington, para uma nova vida e melhor em Los Angeles, onde acaba preso pela polícia.

Como seu protagonista, o diretor Haile Gerima é ceticamente atraído em relação à ideologia nacionalista negra defendida pela namorada de Charles e seu grupo de discussão. A alienação de Charles, tanto dos negros americanos de classe média, que se acomodaram ao sistema, quanto dos radicais dispostos a mudar a sociedade se encontra enraizada no racismo institucionalizado da sociedade branca, que quase sempre permanece como uma presença invisível, mas surpreendentemente poderosa. Como outros cineastas do L.A. Rebellion, Gerima ilustra esse racismo, bem como as lutas pela libertação do Terceiro Mundo, por meio de montagens de fotos e filmes de material de notícias. A avó de Charles representa o espírito de severa luta de uma geração que sobreviveu à escravidão e Jim Crow, sua exuberante e verde fazenda nos devolvendo metaforicamente à Etiópia rural da juventude de Gerima. No final, Gerima deposita sua fé nos jovens afro-americanos, que representam um futuro em que permanecerão altos, uma visão final da utopia após as lições sombrias das relações raciais contemporâneas na América.

Antes de concluir a produção de Brasas sob cinzas, Gerima fundou a Mypheduh Films, para distribuir seu próprio trabalho e o de outros cineastas africanos, sendo ignorados pelos distribuidores americanos. Com abertura no Film Forum de Nova York, Brasas sob cinzas foi amplamente exibido no circuito de festivais e conta com uma participação especial de Billy Woodberry.

 

Programação

IMS Paulista
9/6/2023, sexta, 19h45
18/6/2023, domingo, 17h45


Hollywood vermelha

Red Hollywood
Thom Andersen e Noël Burch | EUA | 1996, 114', DCP (Cinema Guild) | Classificação indicativa: 14 anos

Com narração de Billy Woodberry, o filme nasceu de um artigo controverso escrito pelo cineasta Thom Andersen em 1985, em que ele defende que os artistas incluídos na assim chamada “lista negra” hollywoodiana, surgida na década de 1940, eram relevantes e dignos de pesquisa. Em 1994, em parceria com o cineasta e teórico Noël Burch, publicou um livro de língua francesa chamado Les Communistes de Hollywood: autre chose que des martyrs, e logo depois lançou o filme Hollywood vermelha. O filme utiliza cenas instigantes de filmes da época para retratar como muitos dos artistas foram condenados por defender opiniões socialmente progressistas.

Entre as obras destacadas estão Mulher marcada (1937), de Lloyd Bacon e Michael Curtiz, A força do mal (1948), de Abraham Polonsky, Justiça injusta (1950), de Cy Endfield, Johnny Guitar (1954), de Nicholas Ray, e O sal da Terra (1954), de Herbert J. Biberman, as quais são intercaladas por entrevistas com os quatro roteiristas e diretores remanescentes da época: Polonsky, Paul Jarrico, Ring Lardner Jr. e Alfred Levitt. O filme também aborda a postura isolacionista dos Estados Unidos na Guerra Civil Espanhola, na Segunda Guerra Mundial, na Guerra Fria, entre outras. Em 2014, Andersen fez uma versão remasterizada do filme para substituir as cenas tiradas de fitas VHS por DVD e blu-ray. Algumas cenas foram reeditadas, e o filme reduzido em quatro minutos, sem alterar o roteiro.

Adaptação da sinopse da mostra Hollywood e além: o cinema investigativo de Thom Andersen, com curadoria de Aaron Cutler e Mariana Shellard.

 

Programação

IMS Paulista
10/6/2023, sábado, 19h45
21/6/2023, quarta, 20h
29/6/2023, quinta, 20h


Los Angeles por ela mesma

Los Angeles Plays Itself
Thom Andersen | 2003, 170', DCP (Cinema Guild) | Classificação indicativa: 14 anos

Os excluídos de Hollywood persistem como tema diagonal de Thom Andersen, que desta vez investiga a construção mitológica do cinema hollywoodiano sobre a cidade de Los Angeles. O mito e a cidade são contrapostos por cenas de filmes hollywoodianos e imagens filmadas por Andersen em 16 mm para ilustrar o impacto local da indústria cinematográfica e seu desprezo sobre a cidade que a abriga. Com uma narração de tom amargo e pessoal, o filme se estrutura a partir de temas que descrevem a construção do mito. A arquitetura modernista odiada por Hollywood serve de residência para variados tipos de malfeitores, como a Lovell House, de Richard Neutra, que abriga o cafetão de Los Angeles: cidade proibida (1997), e a Garcia House, de John Lautner, sede de uma facção criminosa, que Mel Gibson demole como se estivesse guinchando um carro em Máquina mortífera 2 (1989). O planejamento urbano, que privilegiou indiscriminadamente a indústria automobilística e praticamente inviabilizou o transporte público, é abordado com certa nostalgia em Uma cilada para Roger Rabbit (1988) e de forma visionária em Juventude transviada (1955). Protagonistas que representam autoridades impotentes frente à decadência e criminalidade epidêmica delineiam os residentes da cidade do pecado, como Jake Gittes (Jack Nicholson), em Chinatown (1974) e Rick Deckard (Harrison Ford), em Blade Runner – O caçador de androides (1982).

Em contraponto ao mito, Andersen também apresenta filmes daqueles que retrataram as reais dificuldades da cidade e de seus moradores mais desprezados, por um sistema social que muitas vezes se confunde com a indústria. Entre eles, Uma mulher sob influência (1974), Los Angeles por ela mesma (1972), Os exilados (1961), Abençoe seus pequeninos corações (1983) e O matador de ovelhas (1977), estes dois últimos parte do conjunto de produções conhecido como L.A. Rebellion. Sobre estes, em uma extensa conversa veiculada na revista Film Quarterly, a entrevistadora Josslyn Luckett e Billy Woodberry comentam como os filmes do grupo de alunos da UCLA foram seminais no sentido de contribuir para uma história visual da cidade. Nas palavras de Woodberry “Thom Andersen foi um dos primeiros a reconhecer e apontar isso e a querer que outras pessoas também soubessem e ficassem curiosas sobre esses filmes”.

O filme de Andersen foi remasterizado em 2013.

Adaptação da sinopse da mostra Hollywood e além: o cinema investigativo de Thom Andersen, com curadoria de Aaron Cutler e Mariana Shellard.

Entrevista de Billy Woodberry à Josslyn Luckett (na íntegra, em inglês).

 

Programação

IMS Paulista
13/6/2023, terça, 19h10
24/6/2023, sábado, 21h


Debate com Billy Woodberry e Tatiana Carvalho Costa

 

6/6/2023, terça, 19h
Exibição em 35 mm de Abençoe seus pequeninos corações seguida de debate com Billy Woodberry e Tatiana Carvalho Costa (com tradução simultânea e interpretação em Libras para as falas do diretor e da pesquisadora).

Nascido em Dallas em 1950, Billy Woodberry foi um dos pioneiros do movimento que ficou conhecido como L.A. Rebellion, com seus filmes de ficção A bolsa e o clássico Abençoe seus pequeninos corações. Junto aos seus colegas de estudo na UCLA, foi responsável por inaugurar um novo imaginário em torno dos personagens negros no cinema norte–americano e uma nova Los Angeles, vista sob o prisma dos debates raciais, de gênero e de classe. Dedicou-se à carreira de professor universitário na Universidade da Califórnia (UCLA) e no Instituto de Artes da Califórnia (CalArts), além de ter colaborado como ator e narrador com a obra de cineastas próximos. Nos anos 2010, retornou à direção de filmes pela via do documentário, com um olhar que permaneceu atento a figuras e momentos importantes da história negra e das classes subalternizadas.

Professora e pesquisadora em cinema e audiovisual, Tatiana Carvalho Costa é presidenta da APAN e integrante do Ficine. Desde 2012, colabora em cineclubes, mostras e festivais de cinema em júris e curadorias.


Masterclass com Billy Woodberry

 

Além da L.A. Rebellion: encontrando um caminho nas sombras de “Hollywood”
8/6/2023, quinta, 18h
Entrada gratuita. Necessária inscrição prévia.
Mais informações sobre a Masterclass ►


Ingressos

Vendas
Os ingressos do cinema podem ser adquiridos no site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural, mais informações abaixo.

Meia-entrada
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.

Cliente Itaú
Desconto de 50% para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.


IMS Paulista

Filmes
R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.

A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: toda quarta-feira, às 18h, são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.

Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.

Masterclass com Billy Woodberry
Entrada gratuita.
Necessária inscrição prévia.