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O mapa de Von Martius

ou Como escrever a história natural do Brasil

Apresentação de Iris Kantor e Julia Kovensky

Curadoras da exposição

Quando o naturalista alemão Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868) apresentou sua proposta de Como se deve escrever a história do Brasil ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1843, o mapa do país parecia prestes a se despedaçar. Depois da abdicação de d. Pedro I, em abril de 1831, abriu-se um ciclo de revoluções civis nas províncias, de norte a sul, de leste a oeste, expondo a frágil unidade geopolítica do recém-criado Estado imperial brasileiro.

A busca por uma unidade nacional exigia uma história bem contada e mapas bem traçados. Von Martius, em sintonia com o pensamento romântico de seu tempo, entendia que o conhecimento científico deveria ser associado aos sentidos e às emoções para alcançar uma compreensão ampla da natureza. De 1817 a 1820, empreendeu, junto ao experiente zoólogo Johann Baptist von Spix, uma expedição científica que percorreu cerca de 10 mil quilômetros pelo interior e litoral do Brasil, partindo da cidade do Rio de Janeiro, passando por São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Maranhão, Ilha do Marajó e pelo Rio Amazonas.

Ao longo dos 10 mil quilômetros percorridos, Von Martius coletou cerca de 6.500 espécies de plantas, que foram o embrião do projeto que o acompanhou ao longo de toda a vida e acabaria se tornando o maior levantamento da flora brasileira até os dias de hoje.

Em comemoração aos 200 anos da chegada da Missão Austríaca ao Brasil (em 1817), esta exposição apresenta obras que pertencem ao primeiro dos 40 volumes que compõem a Flora brasiliensis, publicada em fascículos em Munique, de 1840 a 1906 - mesmo após a morte de Von Martius. Por meio do uso de diferentes cores, o mapa de 1858 delimita as províncias ou regiões botânicas, criando fronteiras naturais imaginárias dentro do território brasileiro. As litografias que o seguem, ou as Tabulae physiognomicae, localizam a vegetação em suas diferentes paisagens.

Ao estilo de Humboldt - principal naturalista do período -, Von Martius realizou uma sistematização dos biomas brasileiros a partir das espécies de plantas identificadas em cada um e, a partir deles, apresentou uma proposta de regionalização do Brasil. O território aparece aqui delineado como um mosaico de cinco sistemas botânicos bem definidos, que correspondem aproximadamente às designações de Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Floresta Amazônica e Pampas.

Sua obra despertou, dentro e fora do Brasil, sentimentos de familiaridade e de estranhamento em relação às paisagens sul-americanas. Para descrever a diversidade exuberante da flora brasileira, Von Martius recorreu a imagens poéticas - textuais, visuais e sonoras - que idealizaram a natureza e o espaço americano. Um novo éden à espera de ser civilizado pelo Velho Mundo.


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