Mais do que qualquer outra manifestação artística em nosso país, a Música Brasileira deve à matriz africana sua existência, originalidade e sobrevivência.
O Acervo de Música do Instituto Moreira Salles guarda arquivos de pessoas negras que brilharam como compositoras, cantoras, instrumentistas ou arranjadoras, como Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Elizeth Cardoso e Baden Powell. São partituras, gravações, fotografias, impressos, recortes de jornais e muitos outros itens que documentam não só as suas próprias carreiras, mas também as de profissionais da música que atuaram com elas.
Mas é no acervo fonográfico que vamos encontrar um tesouro sonoro que precisa ser ouvido e celebrado todos os dias do ano. São registros que remontam ao início do século XX, às vezes revelando repertório e modos de tocar ainda do século XIX, e se estendem por todas as décadas seguintes, até os dias de hoje.
Entre outubro de 2023 e abril de 2024, esteve em cartaz no IMS Paulista a exposição Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou, que ainda pode ser visitada em tour virtual. O título foi inspirado em Heitor dos Prazeres, que chamou de “uma ‘África em miniatura’ a comunidade afrodescendente que, instalada à margem do Rio de Janeiro branco e europeizado, produziu uma das mais decisivas revoluções estéticas do século XX”.
A trilha musical garimpada para a exposição selecionou 94 sambas gravados entre 1904 e 2022, sete deles anteriores a “Pelo telefone”. São registros que privilegiam o samba como construção coletiva, realizada com maestria e criatividade por pessoas instrumentistas e cantoras identificadas com as matrizes que geraram – e continuam gerando – tantas maravilhas.
Aproveitando o Novembro Negro, o IMS relembra esse repertório, esperando que ele seja mais conhecido e divulgado, e que também estimule novos mergulhos, pois há muitos possíveis.
Dicas
- A navegação é por ARTISTA (ou coletivo): pode ser a pessoa AUTORA da música, INTÉRPRETE ou ACOMPANHANTE.
- É possível filtrar por década de nascimento (ou surgimento, no caso dos coletivos) de ARTISTA, o que sugere também, de certa forma, seu período de atuação.
- A seleção de ARTISTA retorna uma playlist com uma ou mais gravações.
- Você pode optar por ouvir toda a playlist (no botão à direita, logo abaixo do nome da pessoa) ou escolher as músicas no botão ao lado de cada título.
- Cada música traz as informações fonográficas (autoria, interpretação, acompanhamento, gravadora, nº do disco e ano de lançamento) e, quando disponível, a letra da música.
Discografia Brasileira no Novembro Negro
Pequena África, Igreja da Penha, Praça Onze e outras festas: o Dia da Consciência Negra em 78 rpm, por Pedro Paulo Malta [texto e playlist]

