O ano do centenário – de qualquer centenário – é como aquela velha história de ‘quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?’ Há quem comemore a efeméride nos 365 dias que antecedem a grande festa dos 100 anos, mas não raro as celebrações começam justo nesta data querida, estendendo-se até o ‘parabéns pra você’ de 101 velinhas. Pesam nesta escolha a conveniência de coincidir o feito com outras datas no calendário, a ansiedade pelo acontecimento, enfim, quase sempre os festejos são marcados conforme o gosto do freguês. No caso do fotógrafo Chico Albuquerque, não resistimos esperar: com este breve ensaio da incrível variedade de vertentes de seu acervo de 70 mil imagens preservado na Reserva Técnica Fotográfica do IMS, fica aqui aberta a contagem regressiva para os 100 anos do fotógrafo em 25 de abril de 2017. Ele merece!
Pioneiro da publicidade brasileira na década de 1940, exímio retratista de personalidades, responsável pela montagem do departamento de fotografia da Editora Abril na virada dos anos 1960/70, ensaísta irretocável, Chico Albuquerque seguiu os passos do pai, cinegrafista amador, e aos 25 anos atuou como fotógrafo de cena das lendárias filmagens de It’s all true, o documentário inacabado de Orson Welles, na época instalado em Fortaleza. Sua ligação com o cinema se consolidou em São Paulo no final dos anos 1940, via associação com o Foto Cine Clube Bandeirante.
Atuava em debates teóricos sobre fotografia com a mesma desenvoltura com que trabalhava intensamente com publicidade em seu estúdio. Leva assinatura dele aquela que é considerada a primeira campanha publicitária brasileira ilustrada com fotografia, para a Johnson & Johnson. Em seu álbum de retratos, figuram Cacilda Becker, Roberto Burle Marx, Lygia Fagundes Telles, Ronald Golias, Jânio Quadros e Hilda Hilst, entre outros.
Merece todas as homenagens, ainda que prematuras, pelo centenário que se anuncia.
Mais
Acervo de Chico Albuquerque no IMS
Acervo de Lygia Fagundes Telles no IMS
O estúdio fotográfico Chico Albuquerque