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DIA D: Dicionário Drummond

26 de outubro de 2022
Dicionário Drummond. Obra a ser lançada pelo IMS em janeiro de 2023 reúne, em 752 páginas, 79 verbetes de 54 autores. 

Os incontáveis admiradores de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) estão prestes a ganhar um presente que celebra de forma inédita a obra do autor de alguns dos mais memoráveis versos da literatura brasileira. Para marcar os 120 anos (em 31/10) de nascimento do poeta, o Instituto Moreira Salles, que desde 2011 comemora a data com o Dia D (de Drummond), anuncia o lançamento, em início de 2023, do Dicionário Drummond, volume de 752 páginas reunindo 79 verbetes escritos por 54 acadêmicos, escritores e pesquisadores.

Organizadores do livro, Eucanaã Ferraz e Bruno Cosentino tinham dois caminhos: projetar um dicionário baseado principalmente na extensão, o que exigiria muitíssimos e breves verbetes, ou trabalhar com um número menor, mas de abordagens mais densas, de caráter ensaístico. Optaram pelo segundo, o que faz do Dicionário Drummond um saboroso acepipe para os que desejam mergulhar no vasto mundo do poeta. No vídeo abaixo, editado por Laura Liuzzi, eles antecipam o que vem por aí.

Entre os 54 autores convidados, há drummondianos notórios, pessoas que dedicaram suas vidas acadêmicas a estudar o autor. É o caso de Wagner Camilo, da USP, que escreveu quatro verbetes: "Máquina do mundo", do poema homônimo, "A rosa do povo", do livro de mesmo nome, "Política" e "Nacionalismo"; de Sergio Alcides, da UFMG, a quem foram atribuídos os verbetes "Crônica" e "Gauche" (do verso "vai ser gauche na vida", no Poema de sete faces); e Marlene de Castro Correia, ex-professora emérita da UFRJ, cujo texto é o único não inédito do livro – convidada a participar, ela morreu durante o processo de produção. Os organizadores decidiram, então usar como verbete – "Cinema" – um ensaio seu publicado anteriormente.

Mariana Quadros, uma "drummondiana jovem", como a descreve Cosentino, escreveu os verbetes "Erotismo", "Ruína" e "Iphan" – o Instituto do Patrimônio Histórico a Artístico Nacional, do qual Drummond foi colaborador nos primeiros anos.

Para além desses especialistas, há professores convidados por serem referência em temas caros à obra do poeta. O verbete "Soneto", por exemplo, coube a Marcelo Diniz, da UFRJ, conhecido pelos estudos sobre aspectos formais da poesia. Maria Silva Prado Lessa, também da UFRJ, contribui com o verbete "Surrealismo", seu foco de estudo. E Luiz Costa Lima, UFRJ, autor de um conceito muito utilizado pelos drummondianos, de princípio-corrosão, escreveu "Poética",

A lista é extensa, mas cabe ainda destacar nomes como José Miguel Wisnik, da USP, no verbete "Mineração"; da escritora Noemi Jaffe, que escreve sobre "Velhice"; e ainda Humberto Werneck, que prepara uma biografia do poeta, e a quem coube falar sobre "Associações de escritores" das quais Drummond fez parte ou ajudou a fundar.

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Verbete do Dicionário Drummond sobre farmácia, curso que o poeta concluiu  em 1925 em Belo Horizonte. Referências ao tema podem ser identificadas em sua obra.

 

Há ainda verbetes curiosos, como "Farmácia" (acima), escrito por Eduardo Coelho, da UFRJ. "Drummond fez curso de farmácia, ele renega um pouco isso. Mas traz para a sua obra informações nas quais é possível identificar a origem no curso feito na juventude", diz Cosentino.

Os próprios organizadores participam do livro como autores. Eucanaã Ferraz assina dois verbetes, "Alguma poesia", que aborda o livro homônimo de 1930, primeiro do autor, e "Greta Garbo", a quem Drummond dedicou um poema. Cosentino pinça de Alguma poesia o verbete "Quadrilha", do poema de mesmo nome, sobre o qual escreve no Dicionário que tem projeto do Bloco Gráfico.