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Memória viva do samba

10 de maio de 2016

Celebridade da Velha Guarda da Portela, o cantor e compositor Monarco esteve na Reserva Técnica Fotográfica do IMS-RJ em missão de resgate da história do samba: identificar personagens fotografados por Marcel Gautherot no final dos anos 1950 nos ensaios de quadra da sua azul e branco, do Salgueiro e da Mangueira.

 

 

Entre figurinhas carimbadas como Zé Kéti, Jamelão, Jair do Cavaquinho e Delegado, Monarco reconheceu de cara uma série de personalidades ilustres de antigos carnavais. “Essa é a Dodô, primeira porta-bandeira da Portela na era dos desfiles oficiais.”

Convidado e recebido no IMS pela jornalista e pesquisadora Andrea Wanderley, o sambista precisou puxar pela memória diante do desfile de imagens de Gautherot na tela de computador: “Olha o Valter Peixeiro, que vendia peixe e tocava surdo, o Nilton Batatinha, Gegê no reco-reco, Laerte na cuíca, Padeirinho…” De muitos, ele só lembrava dos apelidos, alguns inesquecíveis pela própria graça do batismo no mundo do samba: “Esse é o Baratino e esse, o Nelson Pouco Fumo.”

Informações valiosas para o acervo que Andrea Wanderley pretende aprofundar em consultas a outros figurões da memória viva do samba. Nelson Sargento deve ser o próximo convidado a colaborar com a identificação de personagens nas fotos de Marcel Gautherot sob a guarda do IMS. A investigação da pesquisadora já passou pelo Centro de Documentação da TV Globo e planeja ainda uma visita a Djalma Sabiá, fundador do Salgueiro, que transformou a própria casa numa espécie de museu do samba.

O trabalho faz parte de um esforço concentrado da Reserva Técnica Fotográfica do IMS para disponibilizar ao público via internet boa parte das 25 mil imagens do acervo Gautherot a partir de 14 de junho, quando será inaugurada uma grande exposição do fotógrafo francês – ele viveu 57 anos no Brasil – na Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

 

Mais

As canções que eles fizeram para mim: Monarco
O cantor e compositor Monarco, ícone da Velha Guarda da Portela, viajou no tempo para a Rádio Batuta e foi buscar no acervo do IMS canções de vários artistas que influenciaram seu canto e sua obra, como Paulo da Portela, Heitor dos Prazeres, Cândido das Neves e Cartola.

 

Polêmica Noel Rosa x Wilson Batista por Monarco e Nelson Sargento
Em 2012, o IMS realizou dentro da série Grandes Discos da Música Brasileira o show Polêmica Noel Rosa x Wilson Batista por Monarco e Nelson Sargento, no qual os sambistas interpretam as nove músicas do LP de 1956 acompanhados de outros músicos. O jornalista João Máximo participa da apresentação contando a história do disco.

 

 

Sambas de quadra
Em 2013, o IMS promoveu o show Sambas de quadra de Mangueira, Portela e Império Serrano, no qual Tantinho da Mangueira, Monarco e Zé Luiz do Império interpretam os chamados sambas de terreiro, criados pelos compositores das escolas de samba sem a intenção de torná-los sambas-enredo.