Entre os 55 cadernos de Paulo Mendes Campos no IMS, há dois que realçam especialmente o seu método de trabalho. Num, o escritor imaginou uma espécie de autobiografia. No outro, reuniu várias frases do russo Anton Tchekhov; o conjunto, junto a citações de outros autores, deu origem à crônica “Como disse o homem”. (Elvia Bezerra)
Roberto Piva não deixou de ser poeta em nenhum momento quando, como viajante, fez travessias, sobretudo pelo litoral paulista. Os cadernos do autor de Paranoia no acervo do IMS mostram que, à exploração das areias e matas somava experiências com os habitantes locais e leituras que enriqueciam suas descobertas. (Elvia Bezerra)
Entre os muitos cadernos de Clarice Lispector sob a guarda do IMS, há um pequeno bloco de notas. Entre os escritos fragmentários destacam-se citações ao crítico francês René Bertelé e ao poeta belga Henri Michaux e anotações que revelam a perturbação da escritora com a análise que alguém teria feito de sua obra. (Elvia Bezerra)
Autor do delirante e surpreendente Paranoia, Roberto Piva era um poeta com paixão desmedida pela vida, refletida em sua obra e no modo como buscava prazeres e sensações. As anotações de um de seus cadernos sob a guarda do IMS comprovam a busca pelo êxtase – nas letras, na natureza, nas drogas. (Elvia Bezerra)
Como jornalista, Otto Lara Resende era convidado com frequência a visitar outros países. A viagem à Escandinávia feita em 1965 ocupa 80 páginas de um caderno. Nele, observa a “dignidade” das vacas dinamarquesas, a perfeição sueca e o egoísmo dos países desenvolvidos. A certa altura, desabafa: “Ai, Deus meu Deus, dai-me forças para eu ir até o fim destes intermináveis países escandinavos”. (Elvia Bezerra)
Estudioso disciplinado, Paulo Mendes Campos era o tipo que se dedicava a aprender a língua de um país antes de empreender uma viagem. Foi assim com o russo, minuciosamente anotado num caderno que levou em visita à União Soviética (na foto, ele está à esquerda, com as mãos para trás, no museu Hermitage), Polônia e China em 1956. (Elvia Bezerra).
Viajante que absorvia o entorno, mas não deixava de se manter conectado ao mundo interno, Otto Lara Resende anotou num caderno observações e acontecimentos de uma viagem a Londres, em 1982. Nele, comentou a Guerra das Malvinas/Falklands, mas fez também uma curiosa reflexão sobre a fé. (Elvia Bezerra)
Um dos muitos cadernos de Ana Cristina Cesar sob a guarda do IMS tem o nome de “Proposta do Luiz”. Refere-se a Luiz Costa Lima, crítico literário e seu professor na PUC em 1977, onde ela concluía o curso de extensão de teoria literária. Nele, fica flagrante a sua capacidade de se entregar a devaneios e, ao mesmo tempo, reter o que absorvia nas aulas. (Elvia Bezerra)
Paulo Mendes Campos era um pesquisador consistente. Seus cadernos estão repletos de estudos, mas também de versos que “colecionava”, de listas variadas, como a de bêbados famosos, e aforismos. “Sou um erudito sem erudição. Tenho todos os instrumentos da erudição, mas a boemia não deixou”, escreveu num deles (ao lado). (Elvia Bezerra)
Entre 7 e 21 de janeiro de 1989, o jornalista e escritor mineiro preencheu dois cadernos com experiências vividas em Paris, que explodia em comemorações do bicentenário da Revolução Francesa. Um dos objetivos da viagem era deixar na cidade a filha Heleninha, à direita na foto. (Elvia Bezerra)
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