Edição 2021
Amazônia por Albert Frisch
Inscrições: 8 de setembro a 7 de novembro de 2021
Resultados: dezembro de 2021
As inscrições para esta edição estão encerradas.
Eixo 1: Amazônia de dentro. Leitura indígena sobre o conjunto de fotografias editadas no álbum [Résultat d'une Expédition Photographique sur le Solimões ou Alto Amazonas et Rio Negro]
De dentro para fora: produções etnográficas de Albert Frisch sob a ótica indígena Mura e Miranha
Jé Hãmãgãy (Jéssica Tôrres de Oliveira), Lagoa Santa (MG)
Eixo 2: Amazônia por Frisch e seus contextos, nas coleções do IMS
Gravuras Teóricas: observações e vertigens gráficas acerca de um acervo fotográfico histórico baseado nos Povos Indígenas
Kunhã Jeguakai Guarani (Bruna Lopes Silva), Pelotas, Rio Grande do Sul
Comissão de seleção
Marcia Mura (Márcia Maciel), historiadora, escritora e ativista indígena.
João Paulo Tukano (João Paulo Lima Barreto), antropólogo, ativista indígena e professor na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e idealizador e co-fundador do Centro de Medicina Indígena da Amazônia
Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS
Ileana Pradilla Ceron, responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia do IMS
A quarta edição da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia busca estimular a produção de estudos críticos sobre os primeiros registros fotográficos conhecidos sobre a floresta amazônica brasileira, seus habitantes, sua flora, fauna e as nascentes vilas ribeirinhas, produzidos por Christoph Albert Frisch (Augsburgo, 1840 - Berlim, 1918) durante sua expedição fotográfica pelo Rio Solimões, de Tabatinga a Manaus e pelo Rio Negro, nos arredores da capital da então Província do Amazonas.
O resultado mais conhecido dessa expedição, realizada entre 1867 e 1868, é conjunto de fotografias composto por 98 ou 100 imagens, dependendo da versão, editado pelo autor e pelo patrocinador da expedição, Georges Leuzinger (1813-1892). O conjunto, que recebeu da Casa Leuzinger o título de Résultat d'une Expédition Photographique sur le Solimões ou Alto Amazonas et Rio Negro, obedece em sua narrativa ao itinerário da expedição.
A obra completa, contudo, não foi a única forma de circulação dessas imagens no século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Elas também foram distribuídas e/ou comercializadas pelo autor e pelo editor em álbuns com títulos diversos e com menor número de imagens, ou como itens individuais, fazendo parte de outros álbuns e coleções; foram ainda publicadas em livros e, após a morte de Frisch e de Leuzinger, recuperadas pelos seus familiares, passaram a integrar outros conjuntos.
A expedição fotográfica de Frisch ocorreu simultaneamente, e está intrinsecamente vinculada, à abertura internacional para a navegação comercial pelo Rio Amazonas e alguns de seus afluentes. O momento inaugura um novo capítulo de exploração da Amazônia, com promessas civilizatórias e de desenvolvimento econômico, não apenas da região norte, mas de todo o país, assolado pelo déficit da longa guerra contra o Paraguai. As imagens fazem parte, portanto, de um contexto bastante complexo, onde estão em jogo questões como soberania, propriedade, finalidade e futuro da Amazônia; colonização de Estado sobre o território e sobre os povos nativos.
As imagens realizadas por Frisch podem ser consideradas um marco, são as primeiras a documentar em fotografia a região do Alto Solimões e do Rio Negro e seus habitantes, e as últimas, antes do iminente boom da borracha, que se seguiu à abertura dos rios e colocou a Amazônia na lógica econômica e colonial em curso no Ocidente. Esse ciclo, apesar de breve, também incentivou o extermínio em larga escala de indígenas, a apropriação e invasão de suas terras e a exploração predatória, tragédias que infelizmente perduram e que têm recrudescido nos últimos anos, com o aval do atual governo brasileiro.
Um século e meio após a expedição fotográfica de Frisch, e apesar de termos avançado em informações sobre o fotógrafo e sua obra, ainda parece haver vasto espaço para interrogar criticamente essas imagens pioneiras, buscando pensá-las tanto em relação a seus contextos histórico e de produção, quanto a partir da narrativa construída pelo autor, com a intenção de questionar o olhar e a ideologia que geraram essas fotografias. Interrogar essas imagens pode contribuir ainda para enriquecer a reflexão não apenas sobre a visão específica de Frisch, mas a partir dela, sobre os imaginários que a fotografia tem construído sobre a Amazônia desde então.
Além de uma versão completa do álbum sobre a expedição, o acervo do IMS guarda diversas fotografias de Frisch em outros seis conjuntos distintos, o que indica o interesse que essas imagens adquiriram desde sua produção, não apenas por terem sido as primeiras, mas por terem permanecido por duas décadas como únicas representações fotográficas dos povos e da região do Alto Solimões/Amazonas.
A partir dessas duas formas de existência das fotografias de Albert Frisch nas coleções do IMS, enquanto integrantes da obra editada por seu autor, e como parte de álbuns e coleções onde as imagens estabelecem conexões com contextos diversos daqueles concebidos no álbum original, propomos dois eixos de pesquisa, um para cada projeto selecionado.
a) Contribuir para a capacitação de pesquisadores que desejem investigar a história da fotografia no Brasil;
b) Fomentar pesquisas que contribuam para promover e disseminar o conhecimento sobre autores, obras, conjuntos, coleções de natureza fotográfica e arquivos documentais sobre a fotografia, sob a guarda do Instituto Moreira Salles e de outras bibliotecas, coleções, instituições arquivísticas e museológicas brasileiras;
c) Estimular a realização de estudos críticos sobre o lugar da fotografia na formação de representações históricas, sociais e culturais no Brasil.
O Instituto Moreira Salles concederá duas bolsas, sendo uma para cada eixo temático que se encontra detalhado no Anexo I.
Eixo 1: Amazônia de dentro. Leitura indígena sobre o conjunto de fotografias editadas no álbum [Résultat d'une Expédition Photographique sur le Solimões ou Alto Amazonas et Rio Negro]
Esta bolsa se destina exclusivamente a pesquisadores autodeclarados indígenas, preferivelmente originários de povos do Alto Amazonas.
Eixo 2: A Amazônia por Frisch e seus contextos, nas coleções do IMS
Destinada a pesquisadores em geral, a bolsa também encoraja candidaturas de pesquisadores autodeclarados indígenas para este eixo temático.
Nascido em Augsburgo, na Baviera, Albert Frisch se iniciou na fotografia na Argentina antes de chegar ao Brasil em 1864. Contratado no ano seguinte pela Casa Leuzinger, estúdio fotográfico do Rio de Janeiro, documentou paisagens do Rio de Janeiro e seus arredores. Sua obra mais relevante, contudo, foi realizada durante sua expedição fotográfica à Amazônia, em 1868. Suas imagens do Alto Solimões e do Rio Negro, nas proximidades de Manaus, consideradas as primeiras fotografias da região, registram indivíduos e grupos pertencentes a diversos povos locais, como os Mura, Miranha e Ticuna, assim como exemplares da flora e da fauna e os portos fluviais ainda em formação à beira do Rio Amazonas.
As inscrições para esta edição estão encerradas.
Inscrição: 8 de setembro a 7 de novembro de 2021
Resultado: dezembro de 2021
Além de preencher o formulário, os interessados precisam enviar o projeto de pesquisa, entre outros documentos elencados no edital, para o endereço [email protected] até 23h59 do dia 7 de novembro de 2021.