A volta ao Chile, 50 anos depois
11 de SETEMBRO de 2023 | Equipe IMS
A memória dos 50 anos do golpe militar que depôs o presidente eleito Salvador Allende no Chile, em 11 de setembro de 1973, está tendo uma importante presença brasileira. A exposição Evandro Teixeira. Chile, 1973, realizada pelo IMS com curadoria de Sergio Burgi e atualmente em cartaz no CCBB Rio depois de ter sido vista no IMS Paulista, ganhou uma versão sob medida para a ocasião, promovida pela embaixada do Brasil no Museu da Memória e Direitos Humanos chileno. Fotojornalismo e ditadura: Brasil 1964/ Chile 1973 traz uma seleção de 40 fotos, dentre as 160 imagens originais da mostra. O próprio Evandro foi a Santiago participar da cerimônia de abertura, no domingo, dia 10/9, que contou com a presença do embaixador do Brasil, Paulo Roberto Soares Pacheco, e dos ministros brasileiros Flavio Dino, da Justiça, e Silvio de Almeida, dos Direitos Humanos e da Cidadania, ambos representando o governo brasileiro.
Na sexta-feira, o presidente do Chile, Gabriel Boric, recepcionou o fotógrafo no palácio La Moneda. A parte externa do prédio aparece em várias das imagens feitas por Evandro em setembro de 1973. Há 50 anos, ele fotografou policiais militares opressivos, civis aflitos, um rastro de destruição provocado pelo intenso bombardeio ordenado pelo general Augusto Pinochet. Desta vez, Evandro foi recepcionado no interior do palácio e ganhou um tour tendo como guia o secretário geral da presidência, Álvaro Elizalde. No gabinete presidencial, Evandro autografou para Boric o livro-catálogo da mostra e o presenteou com uma ampliação da fotografia que ilustra a capa. Visitou a sala em homenagem a Allende e participou de uma coletiva de imprensa. Veja abaixo imagens da passagem de Evandro Teixeira pelo Chile.
A exposição em Santiago inclui as angustiantes imagens feitas no Estádio Nacional, onde opositores do regime militar foram presos, torturados e mortos, e os acontecimentos que se seguiram à morte do poeta Pablo Neruda. Evandro foi o único fotógrafo, entre centenas de profissionais do mundo todo que se encontravam na capital chilena, a fazer o registro do corpo de Neruda ainda no hospital. Toda a sequência de fotografias, do hospital à casa de La Chascona, onde ele vivia, e depois ao cemitério onde seria enterrado, com vasta participação popular, documenta o que foi considerada a primeira manifestação contra o regime militar que acabara de se instaurar no país.
"É muito especial que esta exposição aconteça no Museu da Memória", disse Evandro na cerimônia de domingo, depois das falas dos ministros Flávio Dino e Silvio de Almeida. "Porque é preciso mostrar para as novas gerações o que foi o horror da ditadura, para que nunca mais se repita. Esta foi a minha arma contra a ditadura no Brasil e no Chile", concluiu, exibindo para o público uma de suas câmeras e sendo ovacionado pelos presentes.