O mar não estava para peixe quando, reza a lenda, pescadores baianos criaram uma data de oferendas no início dos anos 1920 para agradar Iemanjá em busca de maior fartura nas redes de arrastão. Desde então, todo dia 2 de fevereiro é dia de festa nas praias de Salvador. A efeméride, que no catolicismo coincide com o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes, foi oficializada pelo candomblé e outros cultos afro-brasileiros como o Dia da Rainha do Mar, que também é celebrado pela umbanda em 8 de dezembro e nem só por devotos fervorosos no 31 de dezembro, quando milhões de brasileiros de todos os credos aproveitam o réveillon à beira mar para levar flores a Iemanjá na esperança de boa sorte no Ano Novo.
No Rio, por exemplo, a passagem do ano marca muito mais a consagração da “mãe de todos os peixes” – expressão Iorubá que dá origem ao nome Iemanjá – do que o 2 de fevereiro. Mas a tradição baiana consagrada em prosa e verso por Dorival Caymmi (“Dia dois de fevereiro/Dia de festa no mar/Eu quero ser o primeiro/A saudar Iemanjá”) é até hoje renovada especialmente em Salvador e em alguns outros pontos do litoral, como a Baixada Santista, no estado de São Paulo. Neste ensaio fotográfico garimpado nos acervos do IMS, misturam-se as festas documentadas em preto e branco por Marcel Gautherot na praia Rio Vermelho (BA), no início dos anos 1950, e por Maureen Bisilliat em 1964 na Praia Grande (SP).
Ouça a trilha sonora de Iemanjá na Rádio Batuta.
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Acervo de Marcel Gautherot no IMS
Acervo de Maureen Bisilliat no IMS
Trilha sonora de Iemanjá na Rádio Batuta