Marca registrada do carnaval baiano há quase 70 anos, o afoxé Filhos de Gandhi tem passagens em pelo menos três acervos da Fotografia do Instituto Moreira Salles. Com imagens coloridas nas obras de Maureen Bisilliat e Jorge Bodanzky, o bloco criado em fevereiro de 1949 por estivadores de Salvador mereceu ensaio em preto e branco de Marcel Gautherot, que acompanhou pelo menos um dos desfiles do grupo pelas ladeiras da capital baiana no início de 1960. O resultado deste trabalho preservado pelo IMS é aqui exposto em recorte de seis fotos para celebrar o carnaval no que ele ainda guarda de mais autêntico em suas influências africanas.
Inspirado nos princípios de não violência do líder indiano Mahatma Gandhi, o bloco conserva até hoje a tradição religiosa africana ritmada pelos agogôs nos seus cânticos na língua iorubá evocando Oxalá e Ogum, orixás guerreiros que protegem a agremiação. Com cerca de 10 mil integrantes, o bloco se transformou no maior e mais famoso grupo de afoxé do País. Como diz a canção de Gilberto Gil, “Oh, meu pai do céu, na terra é carnaval/Chama o pessoal/Manda descer pra ver/Filhos de Gandhi”.