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Orla do Rio exibe fotografias históricas da cidade

03 de março de 2021
Posto 1, no Leme, com Fotografia de Marc Ferrez do acervo do IMS, que mostra a praia de Copacabana vista daquele mesmo ponto. Foto de Laura Liuzzi/ IMS

 

Fotogênico por natureza, o Rio de Janeiro celebra seus 456 anos, completados em 1º de março, com uma exposição a céu aberto de um de seus maiores tesouros: suas praias, muitas delas emolduradas por morros, que fazem da cidade uma metrópole única no mundo. Desde o dia do aniversário, e até o fim de abril, os 24 postos de salvamento da orla do Rio, do Leme ao Recreio, exibem registros históricos das praias, cedidos pelo Instituto Moreira Salles a pedido da Riotur, idealizadora do projeto que teve ainda apoio da OrlaRio, concessionária dos postos, responsável pela montagem e produção do material.

No total, são 48 fotografias – duas em cada posto –, cada uma delas de 2 metros de altura por 4m de comprimento, retratando, em sua maior parte, a região em que estão afixadas (veja algumas abaixo). No Posto 1, no Leme, por exemplo, há uma preciosa foto de 1907, de autor desconhecido, que aponta para o Morro da Vigia, hoje mais conhecido como Pedra do Leme. Do outro lado do mesmo posto, de onde se vê toda a extensão da Praia de Copacabana, há uma fotografia de Marc Ferrez, feita aproximadamente em 1890, revelando exatamente o mesmo ângulo de quem se coloca ali – mas com a praia deserta de prédios de 130 anos atrás.

Veja algumas das fotos do acervo do IMS expostas na orla carioca até o fim de abril

O projeto foi tocado por uma equipe gerenciada por Sergio Burgi, coordenador de Fotografia do IMS, e pelo arquiteto Martim Passos, também da Coordenadoria de Fotografia. Nos postos da Barra, diante da ausência de registros suficientes, eles optaram por exibir imagens da orla do século XIX: o interior da Baía da Guanabara, a região de Saúde e Gamboa, com a Prainha, a praia de Santa Luzia, desaparecida com o Aterro, Praça XV, Glória e Botafogo: "Era essa a relação da cidade do século XIX com a linha do mar. A orla oceânica, o mar aberto, só começa a ser habitado e utilizado no século XX, com a ocupação de Copacabana", diz Burgi.

Por isso, os 12 postos da Barra receberam fotografias da Praça XV, do Pão de Açúcar,  até da Ilha de Paquetá. Em sua maioria, foram feitas por Marc Ferrez e Augusto Malta, este último fotógrafo oficial da prefeitura do Rio de 1903 a 1936. Mas há também uma rara vista aérea de Leme, Copacabana e Ipanema, de Jorge Kfuri, e dois registros feitos pelo comerciante José Baptista Barreira Vianna, fotógrafo amador que construiu para sua família a primeira casa na praia de Ipanema, e uma das pioneiras no bairro. São imagens de um bonde puxado a cavalo descarregando material de construção no que, era então, por volta de 1900, um vasto areal. Hoje é a esquina da Avenida Vieira Souto com a rua Francisco Otaviano.

Como praticamente todas as fotos tiveram que ser cortadas para atender ao tamanho padrão do projeto, em cada empena dos postos há uma placa com a imagem na íntegra, os créditos e um mapa da cidade que contextualiza geograficamente cada obra, permitindo ao observador estabelecer relações espaciais com o entorno. Um QR code direciona o visitante para a página georef.ims.com.br, projeto do IMS de georreferenciamento de fotografias urbanas.

O projeto se conecta com outro no qual o IMS vem trabalhando desde 2016: Vistas situadas do Rio de Janeiro. Em parceria com a Universidade Rice, no Texas, e apoio da Getty Foundation, ele tem como principal desafio a integração entre fotografias e mapas históricos na plataforma ImagineRio (também parceria com a Universidade Rice), um atlas digital interativo que ilustra a evolução urbana e social do Rio de Janeiro.