Paulo Mendes Campos era um pesquisador consistente. Seus cadernos estão repletos de estudos, mas também de versos que “colecionava”, de listas variadas, como a de bêbados famosos, e aforismos. “Sou um erudito sem erudição. Tenho todos os instrumentos da erudição, mas a boemia não deixou”, escreveu num deles (ao lado). (Elvia Bezerra)
No fim dos anos 1950, Paulo Mendes Campos se viu fascinado pelo LSD. Suas pesquisas minuciosas foram tema de quatro colunas na revista Manchete e recheiam um de seus cadernos sob a guarda do IMS. Depois de tomar a droga, em 1962, com acompanhamento médico, relatou suas sensações na longa crônica “Uma experiência com ácido lisérgico”. (Elvia Bezerra)
Estreias costumam ser trepidantes, mas nem sempre marcam tão profundamente quanto a de Paulo Mendes Campos, quase menino quando publicou “Raul de Leoni – poeta enganador”, seu primeiro artigo na imprensa, em 1939. Trinta anos depois, ele diria sobre o episódio: “Uma vez, e só uma vez conheci a glória”. (Elvia Bezerra)
Aos 11 anos, Paulo Mendes Campos fugiu de casa, acompanhado de dois amigos e municiado do revólver da mãe, Maria José (à direita na foto), que garantiria, pensava ele, a segurança da empreitada. A aventura foi narrada num caderno escolar, sob a guarda do IMS, e foi tema de uma crônica, “A fuga”. (Elvia Bezerra)
Amante dos vinhos, Paulo Mendes Campos escreveu, em francês, um pequeno e saboroso texto, “Bleu blanc rouge”, em que associa tipos diferentes da bebida à obra de poetas, pintores e músicos. Um Chablis pode ser “nervoso como a cidade fantasma de Baudelaire”, e um Malvoisie, “suave como as crianças de Renoir”. (Elvia Bezerra)
Paulo Mendes Campos amava o campo, e seu gosto pela natureza se reflete num dos cadernos de seu acervo. Nele, o grande cronista anotou informações minuciosas sobre o sítio da Grota do Jacob, na região serrana do Rio, onde viveu momentos importantes com a família (na foto, o escritor com o filho Daniel e as cadelas Bobinha e Jacobina, em 1973). (Elvia Bezerra)
Atento à situação de fragilidade em que se encontram trabalhadores da cultura, o Instituto Moreira Salles lançou um novo programa de fomento à produção artística: o post Leituras do acervo inaugura a #IMSdeCasa comissionando atores e estudantes de teatro convidados a registrar em áudio poemas e crônicas dos acervos do Instituto.
Na adolescência, Paulo Mendes Campos (foto) preencheu três cadernos com trechos pinçados de suas leituras de poesia e prosa. Cada um deles tinha um tema, e o terceiro era dedicado à solidão. Elvia Bezerra conta mais. (Foto de Alécio de Andrade/Acervo IMS)
Numa crônica de 1954, Paulo Mendes Campos diz amar cada vez mais os poemas que acontecem na vida, fora do papel, e cita o desencontro entre Mário Quintana e Manuel Bandeira. Conta que o poeta gaúcho, no ano em que viveu no Rio, nunca teve coragem de falar pessoalmente com o Poeta de Pasárgada. No arquivo de Quintana no IMS, porém, há um mapa (imagem) para a casa de Bandeira, indicando que a visita foi desejada, conclui Elvia Bezerra. Se ela ocorreu, são outros versos.
Em setembro de 2018 um dos gêneros favoritos dos leitores ganhou casa própria. Elvia Bezerra e Humberto Werneck apresentam o Portal da Crônica Brasileira, que reúne inicialmente a produção de Rubem Braga, Rachel de Queiroz, Paulo Mendes Campos, Clarice Lispector, Otto Lara Resende e Antônio Maria.
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