AUDIOdescrição
Walter Firmo
no verbo do silêncio a síntese do grito
07 Cantora Dona Ivone Lara
Parada 7 - Obra 6: Cantora Dona Ivone Lara
Audiodescrição: A fotografia colorida, retangular na vertical, intitulada Cantora Dona Ivone Lara Ramos, de 1976, mede 83 cm de comprimento por 123 cm de altura e está na parede com moldura fina, de madeira escura. Retrata em plano médio (da cintura para cima) a cantora e compositora brasileira, sorridente, segurando seu cavaquinho. Ela é uma mulher negra, gorda, com rosto redondo, olhos grandes, boca e nariz pequenos. Dona Ivone Lara usa um turbante branco com um nó e pontas no alto da cabeça, brincos de pérola, vestido cor de laranja, de mangas curtas, com estampas brancas em formato de pequenos losangos, com decote V e abotoado na frente. Ela posa com o seu cavaquinho, segurando com as duas mãos o instrumento de cordas. Ao fundo, uma cortina de fitas coloridas de plástico, entreaberta, que cai sobre os ombros da cantora.
Ouça agora o depoimento de Walter Firmo sobre esta obra e, em seguida, o texto de parede.
A próxima obra com audiodescrição é: Madame Satã.
O QR code encontra-se à esquerda da obra.
Parada 7 - Depoimento
Dona Ivone Lara, em 68, eu estava na revista Manchete, já fotografando cantores, na época do Pixinguinha, Ismael Silva, Candeia, Paulinho da Viola, Cartola. Mas eu estava nessa lira, né?, de fotografar essa gente que fazia a cultura musical brasileira, né?, de uma forma muito singular. E vou na casa dela, em Ramos, né?, e me apresento como fotógrafo da Manchete. E aí ela foi fazer um café. A casinha dela era muito pequenininha, tinha uma cozinha, que dividia com, ali, umas coisas verticais, umas fitas verticais, amarelas e verdes. Aí ela sai da cozinha, com um café pra me servir. Quando eu vejo aquela atitude dela sair rompendo aqueles pêndulos de plástico, eu digo: "Para, para aí, para aí! Eu quero fazer uma fotografia sua." Ela disse: "Mas assim, aqui?" Eu digo: "É, está tão divino, tão bonito. Deixa?” Aí ela deixou. Ela com o seu cavaquinho e seu torso, né?, sobre a cabeça. É assim que se faz a cultura brasileira.