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Contraste

Ação Educativa no Convida

19 artistas da periferia de São Paulo

Robinho Santana (SP)

Robinho Santana nasceu em Diadema, São Paulo. Artista visual, pesquisador e músico experimental, tem formação acadêmica em Design e Fotografia. Dialoga em sua obra com a vida e a cultura de seu povo e busca uma representação plural e digna da mulher e do homem negros periféricos.

Temporal

pra quando tudo isso passar...

Luz

Luz

 

Publicado em 30/6/20

 

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Indomável

Luto como o verbo

LUTO como o verbo? 

“Exausto” foi a palavra mais vezes repetida por pessoas queridas, e por mim mesmo, diante desses difíceis últimos dias. Pois é assim que estamos, e é assim que nos sentimos há tempos.

Dentro deste trem desencarrilhado ladeira abaixo de informações deploráveis, vi artistas brancos que utilizam, em benefício próprio, elementos e símbolos da cultura africana em $uas obras. Vi empresas e marcas que não suportam a ideia de ter pessoas pretas em cargo de direção e chefia. Galerias de arte que não têm em seus catálogos nem 1% de artistas negras e negros. Vi muitos Pinóquios. Todos nessa onda antecipada e mascarada que normalmente fazem em novembro, em que se apropriam e exotizam nossa vida e nossa dor, postando a hashtag do momento, preocupados com o que e com quem, a não ser com eles mesmos? Querendo parecer menos culpados, alinhados com o que a onda dita!

Triste perceber que essas pessoas não foram motivadas pela preocupação com a nossa morte. Se fossem estariam aqui ontem, estariam aqui anteontem. Pois a cada 23 minutos morre uma pessoa preta no Brasil, e onde elas estavam? Por coincidência, lembrei do dia em que uma dessas pessoas comentou que eu não era artista, e me pus a refletir se esse caminho era mesmo pra mim.

Sigo numa luta diária, respirando, me cuidando, afastado e inquieto no meu silêncio, tentando suportar tudo que me atravessa durante a vida para que eu e os meus sigamos vivos. No alto dos meus trinta e poucos anos, com um pé atrás com quem que não se parece comigo, me pergunto a todo instante: vocês também estarão aqui amanhã?

Caçador de mim

 

Publicado em 12/6/20

 

Interno

Série de pinturas que expressa a reflexão do artista sobre a importância de lidar consigo e com o outro antes, durante e depois da quarentena. Solidão, saudade e silêncio são dimensões que aparecem nas obras que discutem o indivíduo e a coletividade.

A importância de lidar consigo mesmo diariamente, assim como a inevitável luz do dia. De SÓ a sol, sejamos fortes, pois “Amanhã a luminosidade Alheia a qualquer vontade há de imperar.”

Janelas & espelhos
De dentro do meu quarto eu te vejo, quase todos os dias ali, esperando por algo que eu não sei exatamente o que é. As vezes, tenho vontade de gritar pra saber o que você espera, mas, sempre tenho medo de que não me ouça e que me estranhe! Te observo paralisada e desatenta, e nesse instante, percebo que seus olhos me lembram muito os do meu pai, e sua pele, me lembra a de minha mãe. Reconheço você em mim, mas até então, nunca tinha te visto. Sinto-me íntimo por te ver assim, sozinha no conforto de seu lar. Estou tão próximo que consigo notar a saudade no seu peito, mas tão distante por não saber nem como te chamam. Quem sabe um dia, quando tudo isso passar, eu te veja por aí e te diga oi, na esperança que você responda. Posso te dizer que te vejo todos os dias, e talvez eu te pergunte se você também me vê.

Publicado em 25/5/20

Projeto realizado a convite da área de Educação e acompanhado por Janis Clémen, da equipe do IMS

Mais sobre o Programa Convida
Artistas e coletivos convidados pelo IMS desenvolvem projetos durante a quarentena. Conheça os participantes:

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