Baseado no livro de Graciliano Ramos, o filme narra a jornada de uma família de retirantes entre duas grandes secas que tomaram o sertão durante os anos de 1940 e 1942.
Vidas secas é considerado hoje parte da primeira fase do cinema novo. Nelson Pereira dos Santos relata que, naquele momento, o conceito do que seria o movimento era ainda incipiente: “Na época, a perspectiva teórica do cinema novo ainda não tinha sido articulada como um corpo holístico, como seria mais tarde, principalmente com o ensaio A estética da fome, de Glauber Rocha, em 1965. Em vez disso, chegávamos a nossas posições teóricas após debates e artigos que publicávamos nos jornais – a maior parte da autoria de Glauber – na época do lançamento de novos filmes brasileiros e estrangeiros. Portanto, nada ainda tinha sido reunido como um corpo teórico coerente do cinema novo. [...]
Conforme refletido por Glauber em seu livro [Revisão crítica do cinema brasileiro (1959)], estávamos em grande parte comprometidos com a destruição do que considerávamos velho, embora não houvesse uma proposta clara sobre o que fazer no seu lugar. Sobre o que deveria ser o cinema novo. A necessidade de fazer filmes continuamente afastava-nos de uma prática mais teórica. A sensação que prevalecia entre nós na época era de que é mais importante filmar do que pensar! [...]
Em novembro de 1963, Vidas secasfoi lançado no Rio; Deus e o diabo na terra do sol estava sendo finalizado na época. Em abril de 1964, houve um golpe de estado e teve início a primeira fase da ditadura militar. Vidas secas estava sendo exibido no Nordeste, e o governo confiscou as cópias. Contudo, cópias de Vidas secas, Deus e o diabo na terra do sole Ganga Zumba tinham sido enviadas ao Festival de Cannes, onde foram exibidas em maio.
Foi um momento muito importante para o reconhecimento internacional do cinema novo. Os filmes eram reconhecidos como vigorosos, muito críticos e muito novos. Isso se dava por duas razões: primeiro porque os filmes eram bons, desculpe-me a modéstia. E, em segundo lugar, porque inspiravam uma solidariedade natural e espontânea que apoiava uma volta à democracia no Brasil. O cinema novo, portanto, ajudou a expressar essa solidariedade.”
[Texto extraído do livro Nelson Pereira dos Santos, uma cinebiografia do Brasil – Rio, 40 graus, 50 anos]
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