As transformações urbanas e sociais do Rio de Janeiro ao longo dos séculos costumam atrair a atenção de historiadores, urbanistas, arquitetos e moradores da cidade que completa 457 anos neste 1^º de março. Não importa o motivo – pesquisa acadêmica ou a curiosidade afetiva sobre o lugar onde se fincaram raízes –, agora se tornou mais fácil mergulhar na história local: a nova versão da plataforma digital imagineRio, desenvolvida por professores da universidade Rice, em Houston, em parceria com o Instituto Moreira Salles, com apoio da Getty Foundation, torna visíveis séculos de mudanças expressivas na área construída da cidade, com utilização de mapas, gravuras e fotografias. A plataforma utiliza mais de 3.000 fotografias dos séculos XIX e XX do acervo do Instituto, registrando os mais diversos pontos da cidade. Da demolição de um dos marcos da fundação, o Morro do Castelo, nos anos 1920, à construção da estátua do Cristo Redentor, seu símbolo maior inaugurado em 1931; da expansão em direção às praias de uma deserta e longínqua Zona Sul, no início do século XX, à Ponta do Calabouço antes do aterro que permitiu a construção do aeroporto Santos Dumont, tudo está documentado.

Na quinta-feira 10 de março, às 19h, o lançamento da nova versão da plataforma será marcado com uma conversa online e gratuita entre o escritor, historiador e professor Luiz Antônio Simas e Sérgio Burgi e Martim Passos, da Coordenadoria de Fotografia do IMS.

As imagens do IMS representam o trabalho de dezenas de fotógrafos, incluindo dois que tiveram um papel essencial na documentação da evolução da área construída do Rio. Marc Ferrez (1843-1923) expandiu os limites da tecnologia fotográfica ao usar dispositivos de grande formato e panorâmicos para registrar vistas de canteiros de obras, enquanto Augusto Malta (1864-1957) foi contratado pelo prefeito do Rio, Francisco Pereira Passos, como fotógrafo oficial da cidade para registrar a transformação urbana radical no início do século XX. Entre outros momentos históricos, as fotos de Malta mostram a demolição da área do Morro do Castelo como parte da campanha de reforma urbana “Bota Abaixo”. O objetivo da campanha era gentrificar a região para libertar o Rio da reputação no início do século XIX de “cidade insalubre” e incluía a higienização, renovação e demolição de edifícios, como cortiços, pensões e pousadas.

Criada originalmente pelos professores e pesquisadores Farès el-Dahdah e Alida Metcalf, da Universidade Rice, em parceria com o geógrafo David Heyman, da Axis Maps, esta nova versão da plataforma imagineRio foi desenvolvida com subsídios da Getty Foundation, através da iniciativa História da Arte Digital, que promove a utilização das mais recentes tecnologias digitais na pesquisa histórica da arte.

“Existem enormes oportunidades de aplicação de ferramentas para os historiadores da arte, como mapeamento digital para remodelar a compreensão das pessoas sobre como as cidades e os respectivos panoramas culturais se desenvolvem”, afirma Heather MacDonald, representante sênior do programa da Getty Foundation. “O imagineRio permite que os usuários vejam em poucos segundos uma evolução urbana que levou décadas para acontecer.”

“A plataforma possibilita aos usuários ter a mesma visão de alguns dos fotógrafos mais famosos do Brasil quando registraram a transformação da cidade diante de seus olhos. A integração 3D transforma essas fotos de imagens singulares e planas em uma trama de momentos interativos”, conclui Burgi