Escrever com a imagem e ver com a palavra
Fotografia e literatura na obra de Maureen Bisilliat
A João Guimarães Rosa
Maureen Bisilliat (fotografias) e João Guimarães Rosa (textos)
2. ed. São Paulo: Gráficos Brunner, 1974, 64 pp.
Senti meu cavalo como meu corpo.
E os cavalos, vagarosos;
viajavam como dentro dum mar.
A liberdade é assim, movimentação.
João Guimarães Rosa
Inspirada pela leitura de Grande sertão: veredas, Maureen Bisilliat entregou-se a um de seus primeiros grandes projetos no Brasil: fotografar o sertão mineiro, os gerais de Guimarães Rosa. Procurou no Itamaraty pelo autor, que então era chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras, e ele a encorajou a seguir adiante. Desse encontro, surgiu uma cumplicidade fantástica: Maureen viajava para o sertão e voltava ao autor para lhe mostrar as fotos que fizera, impressas em formato pequeno. Atrás delas, Rosa anotava nomes de pessoas, lugares e outros detalhes; tinha certeza de que ela, por sua ascendência irlandesa e por seu espírito de “cigana”, como costumava dizer, entenderia muito bem aquele local. Infelizmente, o escritor faleceu dois anos antes da publicação, que, por isso e pelo título, ganhou ares de homenagem.
Em A João Guimarães Rosa, ela seleciona trechos que considera significativos do romance e os alia a suas fotografias. O contraluz predomina nas paisagens e retratos de grupos e personagens específicos, incluindo o famoso vaqueiro Manuelzão, e é realçado pelos generosos espaços em branco nas páginas. Sua intenção, neste que foi seu primeiro livro publicado e também nos seguintes, era produzir um ensaio sobre a atmosfera daquele universo literário.
O livro teve três edições, sendo as duas últimas iguais. A primeira, de formato menor e capa dura, foi publicada em 1969. A segunda, de 1974, teve novo projeto gráfico, feito por Antonio Marcos Silva, que acrescentou uma fina moldura às páginas, propôs uma fonte menor e elegante e aumentou o formato do volume, tornando-o quadrado. Apesar disso, as imagens não cresceram (só sua disposição nas páginas foi repensada), as fotografias em cor saíram e as guardas, que antes continham uma foto (remanejada para o meio do livro), ficaram totalmente pretas.
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