Esta sessão integra a mostra Bruce Conner: colagens e deslocamentos, que acontece nos cinemas do IMS em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Informações sobre as outras sessões:
- História americana
- Mulheres de celuloide
- CROSSROADS + O digital explosivo inevitável
A MOVIE
Bruce Conner | EUA | 1958, 12’, DCP
UM FILME orquestra uma sinfonia virtual de desastres, acidentes de carro, explosões, cenas de guerra e fome, além de momentos de graça e serenidade – uma pessoa na corda bamba, um avião voando pelas nuvens, a luz refletida na água. Conner explora, ao mesmo tempo, a própria natureza do cinema e a montagem na era moderna. Composto de filmes descartados em 16 mm comprados em mercados de pulga ou recolhidos em lojas de câmera, já foi descrito como o primeiro filme de found footage [imagens encontradas] contemporâneo.
Neste filme, Conner inaugurou a vertente de seu trabalho com imagens em movimento, que durou a vida toda ao lado de suas outras práticas artísticas. “O cinema é uma extensão da minha atividade criativa”, declarou Conner em 1964 em uma proposta de bolsa da Fundação Ford para filmes experimentais. “Em certos momentos, essa atividade se encontrou nas definições culturais atuais da escultura, da pintura, da fotografia, do desenho, da poesia, da música, da dança, da colagem, da magia, do teatro, do desfile, da contemplação, do caos, da peregrinação, do tempo desperdiçado, do medo, da farsa, das revelações, da insanidade.”
Com “Pines of Rome”, do compositor Ottorino Respighi na trilha, Conner estabeleceu uma poesia visual que mescla música e imagem. Ao longo das décadas seguintes em outros filmes, refinou essa junção e montou as bases para o videoclipe musical que se conhece hoje em dia.
TEN SECOND FILM
Bruce Conner | EUA | 1965, 10’’, 16 mm
“Quando pediram a Conner que fizesse o design do pôster do Festival de Cinema de Nova York de 1965, ele elaborou TEN SECOND FILM, criado com a intenção de ser como um comercial televisivo que viesse antes das exibições de filmes no cinema. Era como uma ‘ponta de filme’ composta, assim como o pôster, por uma série de dez tiras de película, cada uma com 24 quadros, de contagem regressiva, que é vista como o brasão fundamental da exibição cinematográfica.” (Anthony Reveaux)
Uma das justificativas do festival para rejeitar o trabalho foi o fato de o filme ser rápido demais.
LOOKING FOR MUSHROOMS (Beatles Version)
Bruce Conner | EUA | 1959-1967, 3’, DCP
Nas palavras da historiadora da arte Johanna Gosse, “LOOKING FOR MUSHROOMS (1959-1967) é um diário de viagens que documenta uma ‘viagem’ psicodélica através do México rural e dos Estados Unidos urbano. O filme mistura cenas de ruas de São Francisco, que Conner e Bob Branaman filmaram no fim da década de 1950, com outras do México, que Conner rodou durante uma série de excursões para ‘caçar cogumelos’, entre 1961 e 1962, quando ele e [sua esposa] Jean Conner moravam na Cidade do México. Em pelo menos uma dessas viagens, o casal foi acompanhado por Timothy Leary, ex-professor de Harvard e um dos principais difusores das drogas psicodélicas.”
“As primeiras versões do filme eram mudas e rodavam em loop. Em 1967, Conner acrescentou uma trilha de rock psicodélico: a música ‘Tomorrow Never Knows’, dos Beatles, do disco Revolver, de 1966. Sabia-se que a letra da canção era inspirada no livro A experiência psicodélica – Um manual baseado no livro tibetano dos mortos (1964), de Leary, Ralph Metzner e Richard Alpert, que aconselhava que as pessoas sob a influência de psicotrópicos ‘desligassem a mente, relaxassem e deixassem ser levados pela correnteza’. Pode-se argumentar que este é dos seus filmes mais hipnóticos e impressionantes em termos visuais. Conner depois comentou que LOOKING FOR MUSHROOMS (junto com COSMIC RAY) era muitas vezes alugado por agências de publicidade que, supunha-se, estavam interessadas no seu uso de edição rápida e estrobos para gerar efeitos psicodélicos e mensagens subliminares.”
Bruce Conner | EUA | 1981, 5’, 16 mm
Na sua primeira colaboração com David Byrne e Brian Eno, Conner usou imagens de filmes educativos para criar uma trilha de imagens ritmicamente austera para a música do disco My Life in the Bush of Ghosts (1981), pioneiro no uso da técnica de sampling.
LOOKING FOR MUSHROOMS (Riley Version)
Bruce Conner | EUA | 1959-1967/1996, 15’, DCP
Neste filme, são exibidas as mesmas imagens editadas na versão mais curta de LOOKING FOR MUSHROOMS, lançado em 1968 com uma canção dos Beatles. Com uma trilha nova de Terry Riley, a música “Poppy Nogood and the Phantom Band”, esta versão é mais longa, mas mantém a mesma edição, utilizando cinco frames para cada frame original.
EASTER MORNING
Bruce Conner | EUA | 1966/2008, 10’, DCP
Este último filme finalizado por Conner, com música de Terry Riley, é descrito por Michelle Silva, sua colaboradora de longa data e responsável pelo seu acervo, como uma "continuidade ao esforço ritualístico em retrabalhar e repensar os próprios filmes. A fonte de imagem deriva da gravação em Kodachrome 8 mm de [seu filme] EASTER MORNING RAGA (1966), expandida em termos de duração, bitola cinematográfica e quadros por segundo, para produzir um efeito de transcendência visual. EASTER MORNING celebra a reverência de Conner ao cinema experimental, ao som aleatório e às descobertas no reino do espírito."
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
Os ingressos para as sessões de cinema do IMS são vendidos nas bilheterias dos centros culturais e no site ingresso.com.
IMS Paulista
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: a cada quinta-feira são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.
IMS Rio
Terça a quinta: R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 11h até o início da última sessão de cinema do dia, na recepção.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, as vendas para as sessões de cada mês acontecem a partir do 1º dia do mês vigente.
Em parceria com a Galeria Bergamin Gomide, o IMS apresenta um recorte da obra de Bruce Conner (1933 – 2008), artista norte-americano conhecido por seu trabalho com cinema, montagem, desenho, escultura, pintura, colagem, fotografia e brincadeiras conceituais. Sua obra foi recentemente restaurada pela UCLA e parte dela será apresentada pela primeira vez no Brasil.
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