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Conflitos

Fotografia e violência política no Brasil 1889-1964

01 Revolução Federalista

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Acervo da Fundação Bibioteca Nacional

Afonso de Oliveira Mello
Execução de um rebelde. Da esquerda para a direita: cap. Porto, major dr. Fritz, major Gardino de Castro, cap. Estraubel, Sebastião Juvencio (cabo e carrasco), ten. Alfredo, não identificado e cap. Dionizio. A vítima não foi identificada. Ponta Grossa, PR, abr. 1894

As câmeras pesadas e os filmes em chapa, usados no final do século XIX, eram difíceis de transportar. Assim, exigiam o ritual da pose. O material fotográfico sobre a Revolução Federalista, a guerra civil que se estendeu pelo Sul do país entre 1893 e 1895, é disperso e de autoria variada. Muitas vezes sem identificação. O conflito tinha dois lados: os legalistas, conhecidos como pica-paus, e os rebeldes, chamados de maragatos. Ambos contratavam estúdios fotográficos da região para retratar seus líderes e tropas. Os combatentes muitas vezes posavam com armas em punho, exibindo sua bravura e seu potencial bélico, mesmo que esse se resumisse a um facão.

Este retrato de grupo foi feito pelo fotógrafo paraense Affonso de Oliveira Mello e mostra a degola de um prisioneiro. A posição dos homens armados, olhando estáticos para a câmera, segue os padrões de retratos oficiais da época. Ao centro, o “cabo-carrasco” Sebastião Juvêncio segura com firmeza a cabeça da vítima para expor seu pescoço. E encara a câmera com seriedade, numa atitude de enfrentamento. Uma anotação no verso da fotografia original conta que a imagem não foi apenas uma encenação. Registra uma execução real, que ocorreu em abril de 1894, na estação ferroviária de Ponta Grossa.

Não é possível saber com certeza se o prisioneiro condenado é um pica-pau ou um maragato. Durante os dois anos e meio da Revolução Federalista, a degola foi utilizada como arma de guerra pelos dois lados do conflito. Neste período, cerca de 10 mil pessoas morreram, sendo pelo menos mil degoladas. Era mais prático executar o inimigo do que mantê-lo prisioneiro, e a degola economizava munição.

Apresentamos aqui uma reprodução ampliada da imagem original, pertencente à Fundação Biblioteca Nacional, que, por razões de preservação, não pode ser exposta ao público.