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Conflitos

Fotografia e violência política no Brasil 1889-1964

03 Guerra de Canudos

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Flávio de Barros
“Prisão de jagunços pela cavalaria”. Canudos, BA, 1897. Álbum canônico de Canudos
Fotografia/papel, albumina/prata. Coleção Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
Arquivo digital. Acervo Instituto Moreira Salles/ © Museu da República
Reproduzimos entre aspas as legendas originais atribuídas pelo autor das fotografias

Em setembro de 1897, o Exército enviou a Canudos a quarta e última expedição para derrotar Antônio Conselheiro e seus seguidores. O fotógrafo Flávio de Barros se juntou a eles com o objetivo de retratar oficiais, tropas, prisioneiros e a vila incendiada. Naquele momento, o arraial já havia sofrido sérias derrotas, e o próprio Antônio Conselheiro estava morto – embora o Exército ainda não soubesse disso. Canudos estava cercada, as estradas, controladas pelo Exército, e não havia mais água nem comida para a população local. Os militares estavam certos de sua vitória, e a missão de Flávio de Barros era registrar esse sucesso.

Além disso, ele deveria construir uma visão edificante dos militares e minimizar suas dificuldades. As condições das tropas eram precárias. Os soldados estavam cansados, havia falta de alimentos e munição. Mas isso tudo era omitido sob censura rígida do Exército. Planejadas e estáticas, suas fotos sempre mostram os sertanejos como derrotados.

Ao observar a expressão dos homens e o esquema estático da composição, percebemos que é uma fotografia encenada. Aqui, o objetivo era mostrar um Exército eficiente e rápido e, ao mesmo tempo, desqualificar os rebeldes.

De modo geral, pode-se afirmar que as fotos de Flávio de Barros procuram evitar cenas chocantes, com cadáveres ou feridos. Isso era comum nos registros de guerra da época, geralmente encomendados pelos governos dos Estados em luta.