AUDIOGUIA
Conflitos
Fotografia e violência política no Brasil 1889-1964
14 Golpe de Estado
Na madrugada de 1o de abril de 1964, a primeira do golpe civil-militar, o fotojornalista Evandro Teixeira conseguiu entrar no Forte de Copacabana com a ajuda de um vizinho que era capitão. A cúpula militar, incluindo o futuro presidente Castello Branco, havia ocupado o local, marcando simbolicamente o início do novo regime. Evandro Teixeira entrou com a câmera Leica escondida debaixo do braço. Foi confundido com um fotógrafo da corporação e pôde registrar militares de alta e baixa patente. Ele realizou um conjunto de imagens único, que foi estampado na capa do Jornal do Brasil no dia seguinte.
A imagem mais icônica da série mostra vultos de militares sob a chuva torrencial. Como tinha pouca luz, Evandro Teixeira construiu uma imagem mais simbólica do que documental. Não é possível identificar o lugar nem os soldados, mas se vê que ali está um grupo de militares e que a situação é adversa. O contraluz desenha a silhueta dos corpos e dá brilho à chuva, criando uma cena misteriosa, que representa o sentimento de dúvida sobre o que estava por vir.
Evandro Teixeira usou uma câmera da marca Leica, leve e ágil, com uma lente que facilita o foco e a realização de fotografias com pouca luz. O registro ainda foi possível porque, em 1964, a independência e a autoria eram valores centrais para o jornalismo.
Evandro Teixeira aproximou-se da fotografia em 1958, ao estagiar no Diário de Notícias, em Salvador. Logo se mudou para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar como fotógrafo do Diário da Noite. Cinco anos mais tarde, transferiu-se para o Jornal do Brasil, onde atuou até 2010.
Fotografou desde importantes momentos da política do país até grandes eventos esportivos. É conhecido pelos registros feitos em 1968, que mostram a forte repressão e a violência militar contra o movimento estudantil.