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Conflitos

Fotografia e violência política no Brasil 1889-1964

11 Banditismo Social Cangaceiro

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Benjamin Abrahão
Fragmentos de cenas de Lampião e seu bando, c. 1936-1937
Realizado com o apoio de Adhemar Bezerra de Albuquerque - ABAFILM
Acervo Instituto Moreira Salles/ © ICCA e Sociedade do Cangaço
12’46”

O fotógrafo e comerciante libanês Benjamin Abrahão estava decidido a fazer um filme sobre Lampião e seu bando. Ele havia conquistado a confiança do Rei do Cangaço ao trabalhar para ele como coioteiro, espécie de protetor de bandidos. Era também mascate no sertão nordestino. Para realizar as filmagens, Abrahão se aliou a Adhemar Albuquerque, dono da Abafilme, uma empresa de distribuição de filmes e venda de material fotográfico de Fortaleza. Durante cinco meses, o fotógrafo passou diversos períodos com os cangaceiros para registrar seu dia a dia. No filme, Lampião aparece dançando, costurando, lendo, escrevendo, rezando, acariciando seus cães, sendo penteado por Maria Bonita e dando ordens. Os cangaceiros simulam combates, exibem suas armas, riem, avançam e recuam em direção à objetiva. Eles interagem com a câmera e parecem se divertir ao interpretar seu próprio cotidiano.

Benjamin Abrahão aparece diversas vezes no filme. Numa das cenas, ele mostra um jornal para Lampião, possivelmente com uma reportagem sobre o Rei do Cangaço. Durante sua carreira como líder de cangaceiros, de 1922 a 1938, Lampião soube se utilizar da fotografia e da imprensa para disseminar a imagem de homem poderoso e cruel. Foi o primeiro cangaceiro a ser entrevistado e a ter sua vida frequentemente publicada nas páginas da imprensa. A fotografia foi, para ele, uma arma para consolidar seu prestígio e intimidar adversários.