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Conflitos

Fotografia e violência política no Brasil 1889-1964

13 Insurreição de Aragarças

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Campanella Neto
Rendição de amotinados. Aragarças, GO, dez. 1959
Impressão digital em jato de tinta sobre papel de algodão. Campanella Neto/CPDOC JB

O fotojornalismo engajado, que expressa um ponto de vista pessoal dentro dos acontecimentos, ficou popular no final da década de 1950. Na mesma época, a fotografia conquistou espaço em periódicos como o Jornal do Brasil, o Última Hora e a revista Manchete. Nesse momento, surgiu uma nova geração de fotógrafos profissionais, como Erno Schneider, Campanella Neto, Evandro Teixeira e Alberto Jacob. Eles trabalhavam com câmeras 35 mm, produzindo flagrantes cheios de ação, muitas vezes sem autorização oficial. Nos anos de ditadura, eles exerceram um importante papel de denúncia e resistência à censura.

O fotojornalista Campanella Neto estava entre os 38 passageiros do voo da Panair que foi sequestrado pelo major Teixeira Pinto em 1959. A ação fazia parte de um plano maior comandado por insurgentes da Aeronáutica contra o governo de Juscelino Kubitschek. Além de derrubar o presidente, eles queriam impedir as eleições daquele ano. O avião foi desviado para a base aérea de Aragarças, em Goiás, que tinha sido transformada em quartel dos revoltosos. Os passageiros foram levados para um hotel como prisioneiros. Campanella Neto conseguiu escapar ao subornar um sentinela. Ele foi até uma cidade vizinha, de onde enviou telegramas relatando o sequestro para meios de comunicação e para o Marechal Lott, então Ministro da Guerra. O furo jornalístico foi imediatamente noticiado em rede nacional pelo Repórter Esso, o programa de rádio mais popular da época.

De volta ao aeroporto, Campanella Neto registrou a chegada de dezenas de aviões e paraquedistas do governo, quando os líderes da revolta já haviam fugido para a Argentina. Ele foi o único a fotografar o acidente ocorrido com um avião dos rebelados. Por estar carregado de munição, o avião explodiu após uma troca de tiros com os soldados do governo. A imagem mais impressionante na série mostra a expressão de desespero de um rebelde que acabara de se render. Campanella Neto recebeu voto de louvor no Prêmio Esso de Jornalismo de 1960 pelo trabalho. No ano seguinte, seria criado o Prêmio Esso de Fotografia.